Título: TAM garante indenização, seja qual for o responsável
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2007, Brasil, p. A3

O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, garantiu ontem que a indenização a ser paga pela empresa aos familiares dos 199 mortos no acidente do Airbus da empresa dia 17 de julho está garantida, qualquer que seja o resultado das investigações sobre a tragédia. Ele informou que a apólice de seguro feita com o Unibanco AIG reserva US$ 1,5 bilhão para o cumprimento das obrigações materiais e morais de todos os prejudicados com o acidente.

"Todo o evento está coberto. Não importa de quem seja a responsabilidade pelo acidente", disse, em depoimento prestado ontem à CPI do Apagão Aéreo da Câmara. O valor cobre até os prejuízos causados aos moradores e comerciantes que tiveram suas residências ou seus negócios fechados na região do acidente. Danos morais também serão cobertos.

A informação foi dada pelo executivo depois da visita de alguns familiares das vítimas à CPI na manhã de ontem. Luiz Fernando Moisés, que perdeu a esposa no acidente, liderou o grupo, que também visitou a CPI do Senado e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e revelou o receio de que possivelmente a apólice não cobrisse os casos de acidente por falha humana.

O presidente da TAM revelou que marcaria, para esta semana, uma nova reunião com os parentes da vítimas. "Será um encontro presencial, onde levaremos os representantes da seguradora para explicar todas as dúvidas", revelou.

No depoimento, Bologna voltou a negar que o fato de o reverso da asa direita da aeronave estar quebrado tenha contribuído para o acidente. "É prematuro dar qualquer tipo de explicação. Não é o fato de ter havido um reverso travado que causou o acidente", disse.

A informação foi confrontada pelos deputados da CPI. Vic Pires (DEM-PA) revelou à CPI que resoluções da Anac determinavam que os reversos deveriam ser usados em sua capacidade máxima nos casos de aterrissagens em dias de chuva. "Houve descaso da empresa sobre esse item das resoluções", disse o deputado Miguel Martini (PHS-MG).

Bologna refutou a acusação. Para ele, a resolução da Anac não é impositiva e os manuais das fabricantes de aviões se sobrepõem a essas normas. "O avião tinha um reverso travado. Mas isso que ser lido como um todo. Não é essa comunicação (da Anac) que vai para dentro de bordo. Dentro de bordo, o manual é a Bíblia", afirmou. Ontem, pela primeira vez, Bologna reclamou da falta de ranhuras nas pistas de Congonhas. "A pista, pelo fato de não ter tido a ranhura, tinha uma delicadeza maior", disse.

Depois de Bologna, a CPI experimentou seu momento de maior constrangimento. Foi anunciado o depoimento de Mário Sampaio, que seria "representante da Airbus", fabricante do avião acidentado. Em sua primeira fala, o depoente pediu a palavra. "Não sou engenheiro nem piloto. Não sou funcionário da Airbus. Eu apenas presto consultoria em comunicação para a empresa", disse, ao adiantar que não poderia tirar dúvidas dos parlamentares sobre questões técnicas, o que era a expectativa da comissão. Ele, no entanto, revelou que havia telefonado para a CPI para informar de sua falta de domínio sobre o tema.