Título: Vivo gastará R$ 2,9 bi na compra da Telemig e da Amazônia Celular
Autor: Valenti, Graziella
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2007, Brasil, p. A4

A Vivo fechou ontem a compra da Telemig Celular e da Amazônia Celular. O contrato foi assinado na sede de um escritório de advocacia no Rio. A operadora pagará R$ 1,3 bilhão à Telpart, controladora direta das empresas. A negociação foi conduzida pelos fundos de pensão e pelo Citigroup. Encerra-se assim um longo capítulo do processo de consolidação do setor de telefonia móvel nacional.

O desembolso total da Vivo no negócio, porém, pode somar R$ 2,9 bilhões, diz o presidente da companhia, Roberto Lima. Segundo o executivo, os recursos para o negócio já vinham sendo contratados.

Além do bloco de controle, será gasto R$ 1 bilhão na oferta aos minoritários detentores de ações ordinárias, conforme determina a Lei das Sociedades por Ações. Por fim, mais R$ 600 milhões devem ser desembolsados pela Vivo para adquirir até um terço das ações preferenciais de Telemig Celular Participações e Tele Norte Celular Participações, bem como das operadoras Telemig Celular e Amazônia Celular.

O prêmio implícito na oferta aos preferencialistas é da ordem de 25% sobre a média das cotações dos últimos 30 dias. Entretanto, tanto a oferta aos minoritários de ordinárias como de preferenciais dependem da aprovação do negócio pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade). Ao final dessas etapas, a Vivo poderá ter 58% da holding mineira e a 54% da companhia do norte do país.

No bloco controlador, o valor do negócio está divido em R$ 1,093 bilhão por 23% da Telemig Celular Participações e R$ 120 milhões por 19% da Tele Norte Celular Participações. Além disso, há R$ 87 milhões por um ágio remanescente nas empresas.

A sinergia operacional gerada pelo negócio para a Vivo é de R$ 575 milhões, de acordo com fonte envolvida na aquisição. A companhia também poderá desfrutar de um benefício fiscal gerado pela transação, pois o preço ficou acima do valor patrimonial das empresas. A Vivo terá cerca de R$ 650 milhões para amortizar de suas responsabilidades fiscais, considerando apenas o ganho gerado pela aquisição do controle.

Lima ressalta que não haverá nenhuma alteração na administração das companhias, até que as autorizações pertinentes sejam obtidas. Ele também evitou comentar projetos futuros para integrar as companhias à sociedade Vivo S.A.

As negociações ocorriam desde janeiro deste ano. Pessoa próxima aos diálogos conta que a proposta da Claro ficou muito próxima a da Vivo, porém um pouco abaixo e com exigências contratuais superiores.

A participação de mercado da Vivo sobe de 28,4% para 32,9% com as aquisições - patamar de maio do ano passado. Com isso, a diferença ante a TIM aumenta de 2,6 pontos percentuais para 7,1. A compra resolve parte dos problemas da Vivo, que não atuava em Minas Gerais e continua fora de seis Estados nordestinos, mercados em expansão.

As vendas em Minas Gerais foram aquecidas pela entrada da Claro, em dezembro de 2005. O número de usuários de celular a cada 100 habitantes subiu de 38,2 para 59,2, de junho de 2005 ao mesmo mês deste ano. No Nordeste, a expansão deve-se ao avanço da renda da população. A mesma comparação revela que a quantidade de telefones ativos na região a cada 100 pessoas passou de 25,3 para 42,5.