Título: Odebrecht lidera consórcio por obras no Panamá
Autor: Boechat, Yan
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2007, Empresas, p. B8

A construtora Norberto Odebrecht definiu o consórcio que integrará para disputar a licitação para a primeira ampliação de grande porte do Canal do Panamá, obra orçada em US$ 5,2 bilhões. A companhia brasileira vai liderar um grupo formado por outras quatro empresas que vão disputar com os maiores grupos de engenharia mundial o direito de construir uma terceira via no canal. As brasileiras Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez também participarão da disputa, mas integrando um outro consórcio, este liderado pela empresa francesa Bouygues e que tem em sua composição a chinesa China Railroad.

A Odebrecht será a única empresa brasileira a liderar um dos cerca de 10 consórcios que devem se habilitar para o processo de pré-qualificação das obras de expansão do Canal do Panamá. Além da companhia brasileira, que terá 35% de participação, integram o grupo a coreana Hyundai, a francesa Saipem e as italianas Astaldi e Guella. A expectativa é de que a lista de pré-qualificados seja conhecida até o final do ano e o processo de licitação em si ocorra ao longo de 2008. As obras devem ter início no primeiro semestre de 2009. "Será uma disputa bastante acirrada, com os maiores competidores mundiais, mas acreditamos ter chances de vencer essa licitação", afirma Fernando Santos Reis, diretor de exportação de serviços e projetos estruturados da construtora Norberto Odebrecht.

A construção da terceira eclusa do Canal do Panamá é uma das maiores obras de engenharia que estão sendo tocadas no mundo hoje e, por certo, a com mais visibilidade. O projeto prevê a criação de uma terceira via, paralela às duas existentes, com capacidade para receber os cargueiros de grande porte, chamados de pós-panamax. As duas eclusas em operação hoje no canal não tem a largura suficiente para receber navios de grande porte.

As brasileiras Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão terão como parceiros, mas também como adversários, as maiores companhias de engenharia do mundo. Companhias mundiais especializadas em construções de grande porte também estão montando seus consórcios para a disputa. A francesa Vinci se uniu às alemãs Bilfinger e Hochtief; Kajima e Mitsubishi montaram um consórcio exclusivamente japonês; e a americana KBR se uniu à espanhola Sacyr e a italiana Impregilo em outro grupo. A espanhola FCC e a mexicana ICA também estarão no páreo pelo contrato de ampliação do canal, que terá apenas um consórcio vencedor.

A Odebrecht é uma das maiores construtoras em operação no Panamá atualmente. Hoje a companhia toca três projetos de grande porte no país que, somados, chegam a mais de US$ 500 milhões. Há duas semanas a companhia conquistou o direito de criar um grande aterro, onde serão construídas estradas e pontes na Cidade do Panamá. O projeto está orçado em US$ 280 milhões e as obras devem ter início ainda neste ano.

A companhia brasileira também venceu a licitação para a reconstrução de uma importante hidrelétrica em Angola. O projeto, orçado em US$ 158 milhões, deve durar cerca de 20 meses para ser concluído. A represa de Gove - cuja capacidade de produção deve alcançar cerca de 60 megawatts - é a menor de uma série de hidrelétricas sendo reconstruídas pelo país após o conflito interno que durou 27 anos, acabado em 2002.