Título: CVM barra negócios com ações da Suzano
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2007, Finanças, p. C3

Dois investidores tiveram as contas bloqueadas ontem por suspeita de terem negociado com informação privilegiada as ações preferenciais da Suzano Petroquímica, adquirida na sexta-feira pela Petrobras. O lucro das operações dos investidores, um deles pessoa física local e outro sociedade estrangeira, seria superior a R$ 1,520 milhão. O bloqueio foi determinado ontem por liminar obtida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Ministério Público Federal. As identidades dos envolvidos estão sob sigilo de Justiça.

Segundo comunicado da CVM, o investidor pessoa física fez duas operações distintas, uma no mercado à vista, que gerou lucro superior a R$ 300 mil, e outra no mercado a termo, cujo ganho seria de cerca de R$ 520 mil. Ele comprou ações na manhã do próprio dia do anúncio da aquisição, na sexta-feira, e vendeu no mesmo dia, à tarde, após a reabertura das operações no pregão com os papéis da Suzano, cujas negociações foram suspensas por mais de três horas, até que a companhia divulgasse o fato relevante.

Este mesmo investidor também tinha comprado ações da companhia a termo. Esta operação levaria a um lucro de R$ 520 mil, se levado em conta o preço oferecido na oferta de 'tag along' prevista na operação. "Desde o início de 2007, esse investidor não havia negociado com as ações da Suzano Petroquímica", diz a nota da autarquia.

Já o investidor estrangeiro que teve os ativos bloqueados é uma sociedade sediada no exterior e adquiriu as ações no dia 23 de julho e vendeu toda a posição na última sexta, após reabertura dos negócios, contabilizando ganho de mais de R$ 700 mil. Também este investidor não tinha negociado os papéis da Suzano este ano, segundo levantou a autarquia.

A Petrobras adquiriu a Suzano por R$ 2,7 bilhões, sendo R$ 2,1 bilhões pagos aos controladores e o restante seria o valor a ser desembolsado para pagar os minoritários detentores de PN. A Suzano está listada no nível 2 da Bovespa e prevê 'tag along' (direito de venda conjunta) de 80% para as ações preferenciais.

É a segunda vez que a autarquia bloqueia ativos de investidores por suspeita de informação privilegiada. A primeira vez que se lançou mão dessa medida foi em março, após o anúncio da compra das empresas do grupo Ipiranga pelo consórcio formado pela Braskem, Petrobras e Ultra. Na ocasião foram bloqueados recursos totais, incluídos os lucros, de mais de R$ 5 milhões, de quatro investidores que teriam negociado ações das empresas do grupo Ipiranga com informação privilegiada.

A liminar envolvendo os investidores que compraram ações PN da Suzano Petroquímica foi concedida pela juíza federal da 23ª Vara do Rio de Janeiro. A exemplo do que ocorreu com no caso da Ipiranga, o bloqueio foi possível porque as liquidações finais das operações no mercado de ações levam três dias para ocorrer.