Título: TAM tem primeiro prejuízo em 2 anos
Autor: Prado, Maeli
Fonte: Valor Econômico, 13/08/2007, Empresas, p. B2

Marcada pelo acidente do A320 em 17 de julho, a TAM anunciou na sexta-feira seu primeiro prejuízo trimestral desde o segundo trimestre de 2005. A companhia divulgou uma perda de R$ 28,6 milhões, comparada a um lucro de R$ 97,1 milhões no mesmo período do ano passado.

A empresa aérea estimou em US$ 10,5 milhões os gastos extras que teve com combustível (US$ 7,5 milhões a mais, devido ao tempo extra que os aviões tiveram que sobrevoar os aeroportos esperando autorização para pouso) e hospedagem e alimentação para passageiros de vôos atrasados por mais de quatro horas ou cancelados por conta da crise aérea (US$ 3 milhões).

Pelo padrão contábil americano, a TAM teve um lucro de R$ 69 milhões neste segundo trimestre, ante R$ 146 milhões no mesmo período de 2006. A diferença de resultado nos dois padrões contábeis é decorrente da forma diferente de contabilização do arrendamento dos aviões.

Na quinta-feira, a Gol havia informado um prejuízo de R$ 35,37 milhões (pelo padrão americano) no segundo trimestre, ante lucro de R$ 106,68 milhões em 2006. Pelo padrão brasileiro, lucrou R$ 157,07 milhões, alta de 60% ante mesmo período de 2006.

A TAM não estimou quanto perdeu em receitas - ou seja, quanto deixou de ganhar por causa da crise aérea.

Conseqüências da crise, a menor taxa de ocupação e a queda no chamado "yield" médio da TAM (indicador da aviação que mostra quanto cada passageiro paga a cada quilômetro voado) foram as principais responsáveis pelo mau resultado da empresa.

O dólar desvalorizado (a maior parte dos custos das companhias é na moeda americana) e a redução dos gastos com combustível fizeram o custo por assento da empresa cair 11,6% ante o mesmo trimestre do ano passado.

Por outro lado, a receita por assento caiu bem mais, 22% na mesma comparação, devido à queda nas tarifas cobradas.

A taxa de ocupação da empresa nos vôos domésticos foi de 71,1% no segundo trimestre deste ano, ante 74,9% de abril a junho do ano passado. "Com esse resultado, as margens sofreram", disse, durante a apresentação dos resultados da empresa, o vice-presidente financeiro da TAM, Líbano Barroso. A margem de lucro (antes de despesas financeiras e impostos) em relação à receita operacional líquida, que foi de 13% no segundo trimestre de 2006, caiu para 1,7%.

Mesmo com a crise, a demanda de passageiros da companhia cresceu 21,5% na comparação com abril a junho do ano passado. Segundo divulgou na sexta-feira a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão regulador do setor aéreo, a TAM teve uma participação de mercado de 50,6% nos vôos domésticos no mês passado, um aumento em relação ao seu percentual de junho, de 49,1%.

"O impacto do acidente no resultado só saberemos no terceiro trimestre, já que ele ocorreu em julho", disse Eduardo Puzziello, do banco Fator. "Foi um resultado fraco, mas em linha com o que esperávamos."

Com o forte impacto negativo do acidente sobre sua imagem, a TAM destacou, durante a teleconferência para analistas do mercado e jornalistas, suas ações para atender as famílias das vítimas do acidente, como a abertura de dois escritórios para dar informações e a assistência psicológica prestada.