Título: Empresas minimizam impactos da aids nos negócios, mostra estudo
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 21/01/2005, Brasil, p. A2

Empresas em todo o mundo, incluindo as brasileiras, mostram indiferença generalizada sobre o impacto da aids em seus negócios, apesar de a epidemia ter matado três milhões de pessoas no ano passado e infectar 14 mil a cada dia que passa. Um relatório do Fórum Mundial de Economia, Harvard School e do Programa das Nações Unidas contra Aids (Unaids), publicado ontem em Genebra, indica que a preocupação no meio empresarial com a epidemia diminuiu no último ano. O estudo baseado em pesquisa junto a nove mil executivos em 104 países constata que as empresas só passam a dar alguma atenção à aids quando mais de 20% da população do país está infectada. Para o fórum, dado o potencial benefício de adotar programas contra a doença, claramente as empresas estão "fazendo muito pouco, muito tarde". As Nações Unidas qualificam a aids de uma das maiores ameaças para a estabilidade econômica e social global. O estudo mostra que, no Brasil, mais de 80% das 69 empresas consultadas relatam impacto mínimo da aids sobre custos, produtividade e rendimento. O país concentra a maioria dos 1,4 milhão de pessoas infectadas pelo HIV na América Latina. A visão empresarial brasileira com os efeitos da aids nos negócios reflete a média mundial: 25% de executivos consultados vêem ´´algum impacto´´ atualmente e só 28% prevêem nos próximos cinco anos. No total, 74% não temem efeito algum nas atividades e 71% acham que tampouco haverá problema em futuro próximo. Globalmente, 71% das companhias não têm nenhuma política para combater a doença. E 65% dos executivos ouvidos não sabem dizer ou estimar a prevalência do HIV em suas próprias fábricas. Brian Brink, vice-presidente da Anglo American Corporation, sugere em comunicado que as companhias encorajem todos seus os empregados a fazer o teste de aids, monitorar rotineiramente a pressão de sangue e colesterol. Argumenta que essas iniciativas são sinônimo de boa gestão e podem conduzir a lucros maiores no futuro.