Título: Lula pede que Chávez normalize relação com Colômbia
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 21/01/2005, Internacional, p. A7

Otimista em relação às chances de pôr fim à crise entre Colômbia e Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem, por telefone, com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a quem pediu que colaborasse com os esforços de normalização das relações entre os dois países. Na véspera, Lula havia informado ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, que se dispunha a atuar como "facilitador" nas negociações para eliminar a crise diplomática entre os dois países. A crise foi provocada pela captura por caçadores de recompensa, em Caracas (capital venezuelana), de um líder da guerrilha colombiana Farc, Rodrigo Granda, entregue na fronteira a autoridades da Colômbia. Chávez ordenou a retirada de seu embaixador de Caracas e ameaçou romper relações com o país vizinho. Ontem o comércio entre os dois países se realizava normalmente. Segundo relato de um assessor de Lula, na conversa telefônica Chávez mostrou "boa disposição e ânimo" para buscar uma saída diplomática capaz de restabelecer as boas relações com Uribe. A visita de Lula à Colômbia serviu para que as autoridades brasileiras recebessem informações sobre os progressos nas negociações entre os ministérios das Relações Exteriores dos dois países, na tentativa de uma solução. "Em conversa hoje com Chavez, o presidente Lula relatou a conversa com Uribe e sentiu que o presidente venezuelano também está disposto a fazer tudo que estiver ao seu alcance para uma solução justa e rápida", relatou o porta-voz presidencial, André Singer. As iniciativas brasileiras para "facilitar a reaproximação" entre os dois países andinos serão coordenadas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, segundo o porta-voz. Ele informou ainda que o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, abordará pessoalmente o assunto com Chávez neste fim de semana, aproveitando uma viagem a Caracas, marcada para discutir relações bilaterais entre Brasil e Venezuela. Lula defende a manutenção de algum mecanismo de consulta bilateral para evitar novos desentendimentos. Os dois governos já têm mecanismos do gênero, que poderiam ser ativados caso haja boa vontade dos presidentes. Chávez vinha cobrando desculpas públicas de Uribe pelo "seqüestro" de Granda. Só na conversa com Garcia, neste fim de semana, o governo brasileiro deve ter maior clareza sobre que iniciativa o presidente venezuelano considera possível para superar o impasse. No dia 14 de fevereiro, Lula encontra-se pessoalmente com Chávez, durante escala que fará na Venezuela a caminho de uma visita ao Caribe. O governo colombiano entregou ontem ao gabinete de Chávez uma lista com nomes de dez líderes guerrilheiros, das Farc e do também esquerdista ELN, com nomes de parentes e endereços de onde eles costumam ficar na Venezuela. A lista foi publicada por jornais colombianos e pelo venezuelano "El Nacional". Num sinal da distensão, o ministro do Interior da Venezuela, Jesse Chacon, embora não tenha confirmado o recebimento da lista, disse, em entrevista coletiva, que investigará e ordenará a captura de guerrilheiros colombianos que estejam operando a partir de território venezuelano. Uribe reuniu ontem, em Bogotá, sua Comissão de Assessoramento, formada por ex-presidentes, para respaldar as negociações com Chávez. O conflito não interessa a nenhum dos dois países, comentou um graduado diplomata colombiano. (Colaborou Taciana Collet