Título: Etanol não afetará alimentos, afirma Dilma
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2007, Brasil, p. A4

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez questão de desfazer dúvidas a respeito da capacidade de o Brasil produzir etanol sem grandes danos ao meio ambiente. Lembrou que a tecnologia dos carros bicombustíveis não nasceu no Brasil por acaso e afirmou que hoje não existe no país a contradição entre produção de energia e a de alimentos. Recentemente, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o líder cubano, Fidel Castro, sugeriram que a produção brasileira de álcool poderia comprometer a oferta de alimentos.

Dilma ressaltou que uma das vantagens da produção brasileira é o desenvolvimento tecnológico, que evolui para permitir a produção de combustíveis a partir do bagaço de cana, da palha do milho e de outros restos vegetais oriundos da produção alimentar. A ministra também frisou a importância de o Brasil tomar medidas imediatas para deixar claro que a produção nacional de etanol será acompanhada de inclusão social e do mínimo impacto ambiental possível.

"Ao aumentar a quantidade de etanol e biodiesel, nós estamos mantendo compromisso com o meio ambiente. O país é uma das lideranças em segurança energética sustentável", afirmou Dilma.

Durante sua apresentação no seminário "Biocombustíveis - A nova fronteira da energia", realizado ontem, Dilma deixou claro que é melhor o Brasil assumir a dianteira nas soluções sociais e ambientais, de forma a evitar possíveis barreiras à exportação de etanol. "O Brasil deve assumir o protagonismo dessa regulação em vez de esperar a regulação forânea (exterior), pois temos certeza da nossa produtividade."

Dilma lembrou ainda que a União Européia, por exemplo, prevê a utilização crescente de biocombustíveis nos próximos anos. Para 2010, a expectativa dos países do continente é que 5,75% do combustível utilizado na região seja renovável. Desse total, seriam 16 bilhões de litros de álcool e 5,5 bilhões de litros de biodiesel. A ministra informou que o intuito europeu é produzir parte deste combustível no Brasil e que a regulação brasileira ajudará a impedir que o país se torne apenas um exportador de matéria-prima.

Dilma também é da opinião que o país não deve exportar a matéria-prima do biocombustível, mas o produto já processado. Segundo ele, há interesse da União Européia em "nos especializar em fornecedores de matéria-prima, coisa que não é do nosso interesse". Segundo a ministra, "o Brasil vai responder com o selo social às exigências cada vez maiores das legislações dos Estados Unidos e dos países da União Européia e do Japão do ponto de vista dos padrões socioambientais, critérios de sustentabilidade, condicionantes trabalhistas e quesitos ambientais rigorosos - para impedir que não sejam criadas barreiras não-tarifárias para os nossos renováveis". (Com agências noticiosas)