Título: Pochman pede tempo para conhecer Ipea
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2007, Brasil, p. A5

O economista Márcio Pochman, que toma posse hoje, às 16 horas, da presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já tem reunião marcada para amanhã com o presidente da instituição que está deixando o cargo, Luís Henrique Proença, e com a atual diretoria do órgão para conversar sobre o funcionamento do Ipea. "Quero fazer uma transição civilizada, por isso vou conversar primeiro com a diretoria e depois vou me reunir com os pesquisadores para saber o que estão fazendo, pois só tenho conhecimento do Ipea como pesquisador, não como executivo", afirmou.

Pochman disse ao Valor que só depois de conhecer todo o Ipea e analisar a instituição é que pretende fazer as mudanças que achar necessárias. "Quero fazer um balanço de cada diretoria (seis) antes de tomar qualquer decisão, pois a instituição tem 40 anos, muitos convênios, 500 funcionários e é estratégica para o Brasil."

Segundo ele, sua trajetória, embora seja um economista, é de "engenheiro", no sentido de trabalhar em equipe na construção e fortalecimento de instituições. Pochman trabalhou na criação do Dieese, em Brasília, entre 1985 e 1988, depois, em 1989, ajudou a instalar o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) e ergueu também a Fundação Unitrabalho e ajudou a construir a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade na prefeitura de São Paulo, no governo Marta Suplicy.

"Estou indo para o Ipea para implementar um projeto de longo prazo para a instituição, baseado em duas linhas de trabalho: políticas públicas e desenvolvimento, visando o diálogo com o futuro." Isso, na sua avaliação, não significa abandonar de vez as análises de conjuntura (feitas hoje pelo grupo de análise conjuntural da instituição), apesar de reconhecer que esse tipo de análise o governo tem profissionais para fazer.

Fernando Cardim, da UFRJ, tem expectativa de que a administração Pochman integre o Ipea mais à estrutura de estudos de planejamento. "Hoje, é um órgão de curto prazo, quase que paraestatal, virou quase que um instituto acadêmico." Para ele, Pochman deverá reforçar as áreas de macroeconomia e exploração de cenários de longo prazo na instituição.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, acha que o Ipea vai mudar um pouco. "Fábio (Giambiagi) e Levy (Paulo) comandam um Ipea de caráter independente", destaca. "O Pochman por formação é mais próximo ao PT e pode ter algum viés de discussão mais voltado para o emprego, discussão mais próxima do governo, mais política", disse. Fábio Silveira, da RC Consultores acredita que o Ipea não vai mudar muito com Pochman. "A agenda da instituição vai pesar mais e já está estabelecida pela própria autonomia do Ipea, que hoje anda sozinho."