Título: Mantega reafirma confiança em PIB entre 4% e 5% com manutenção de investimentos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2007, Brasil, p. A7

Ministro Guido Mantega: fluxo de capitais externos continua positivo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou ontem a sua confiança de que o Brasil não será afetado pelas turbulências que atingiram os mercados internacionais nas últimas semanas. Segundo Mantega, o fluxo de capitais externos para o país continua positivo mesmo no meio da atual crise, e o Brasil tem como trunfo o fato de o crescimento hoje depender principalmente do mercado interno. "Nós temos entrada de capitais externos e não saída, não há pressão de venda de títulos da dívida brasileira e o país tem o maior volume de reservas internacionais da história, de US$ 160 bilhões", disse ele. Mantega participou da premiação do anuário "Valor 1000".

Em seu discurso, Mantega reafirmou a aposta num crescimento robusto. Segundo ele, o dilema do país há alguns anos era entre crescer e não crescer. Hoje, a dúvida é entre uma expansão do PIB de 4% ou 5%. "Não se pode falar de um crescimento eventual ou de de vôo da galinha. É um novo ciclo econômico", afirmou. "Alguns analistas mais ousados já falam num crescimento superior a 5% em 2007 e outro tanto no ano que vem. Mesmo que seja um pouco menor, já teremos completado quatro anos consecutivos, de 2004 a 2007, com crescimento médio acima de 4%." Ele disse que o governo Lula está atento às questões de infra-estrutura.

"Quando nós poderíamos imaginar, para quem viveu os dramas da economia brasileira nos últimos 30 ou 40 anos, que um ministro da Fazenda, em razoável uso de suas faculdades mentais, estaria falando de crescimento sustentável enquanto bancos centrais da União Européia e dos EUA estão injetando liquidez nos mercados?", perguntou.

Mantega disse que não há motivos para se preocupar com a alta do dólar nas últimas semanas: "Houve uma alta do câmbio, mas em compensação anteriormente tinha ocorrido uma grande queda. Desse modo, nós estamos ainda no lucro na questão do efeito do câmbio sobre inflação", disse. Ele acha que a turbulência não deve ter impacto sobre a trajetória de queda dos juros, embora tenha ressaltado que prefere não comentar mais detidamente

o assunto, que é da alçada do Banco Central (BC).

Mantega minimizou eventuais impactos da turbulência nos mercados internacionais sobre a atividade econômica global. Ele considera possível que a crise fique circunscrita ao mercado financeiro, ressalvando que não se pode relaxar a vigilância "para uma turbulência que pode durar mais ou menos tempo". "O investimento que ocorre hoje no Brasil tem como principal objetivo o robusto mercado de consumo interno", afirmou ele, para quem, num momento como o atual, o Brasil tem mais vantagens do que um país como o México, que depende muito do comércio exterior.