Título: Crescimento deve blindar governo de problemas políticos
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Fonte: Valor Econômico, 14/08/2007, Brasil, p. A7

A maioria dos empresários vencedores do prêmio Valor 1000 acredita que o sucesso no campo econômico, com o país mantendo a rota do crescimento, impedirá o surgimento de problemas políticos graves ao governo Lula.

Antonio Carlos Valente, presidente da Telefónica, disse esperar que os desentendimentos entre governo e oposição não impeçam que a economia brasileira continue seguindo seu rumo. "Existe uma série de situações que são inerentes ao jogo político, fazem parte do dia-a-dia. O que se espera é que os percalços sejam superados e o país continue caminhando."

Apesar dos problemas com o fornecimento de gás para termelétricas e debates sobre contingenciamento do produto, Roberto Lage, diretor de finanças e relação com investidores da Comgás, não crê que o governo Lula sofrerá com instabilidades políticas. "Se o governo continuar com a gestão macroeconômica eficiente como está, ficará blindado contra qualquer problema político", avalia.

Afonso Hennel, presidente da Semp Toshiba, compartilha da opinião de Lage e acredita que Lula tem grandes chances de chegar até o fim do governo com tranqüilidade. Já para Marcos Mazoni, presidente da Serpro, a questão vai além da economia. Ele ressalta que a democracia brasileira está consolidade e "deu mostras de ser capaz de lidar com crises".

O presidente da WEG, Décio da Silva, também é da opinião que o presidente Lula vai conduzir seu segundo mandato até o fim com estabilidade política. "Não interessa a ninguém, nem à oposição, que o país se desestabilize", afirmou. Gilnei Machado, presidente da Telemont Engenharia de Telecomunicações crê que o governo "deverá enfrentar problemas, mais especificamente no Congresso". Porém, acredita que o presidente Lula "conseguiu fazer as costuras necessárias para se sair bem até o fim do mandato".

O presidente da Visanet, Antônio Luiz Rios da Silva, é outro que acha que os embates entre governo e oposição não deverão impor percalços à economia. "Não vejo risco de instabilidade política. O governo vai até o fim, embora possa haver desagregações na base aliada", afirmou. O presidente da Natura, Alessandro Carlucci, tem opinião parecida e não acredita que a disputa entre governo e oposição possa se acirrar a ponto de desestabilizar o país.

José Sérgio de Oliveira Machado, presidente da Transpetro, elogiou o governo Lula e disse não ter dúvidas de que o presidente chegará ao fim do mandato mantendo a estabilidade econômica. Segundo ele, o presidente está conseguindo atender as classes inferiores, ao mesmo tempo em que trabalha para eliminar os gargalos estratégicos.

Lélio Ramos, diretor-comercial da Fiat Automóveis, é outro que crê que o governo não enfrentará problemas até o fim do mandato, mesma opinião de Rubens Ghilardi, presidente da Copel : "Durante esses cinco anos de governo, Lula viveu sob o confronto da oposição e conseguiu superar os problemas."

O presidente do Hospital Israelista Abert Einstein, Cláudio Luiz Lottenberg, criticou a eventual "contaminação" das políticas do governo federal por questões político-partidárias. Mas fez uma ressalva: "Não é o que vem acontecendo, é um temor."