Título: Governo acerta mais seis nomeações
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Fonte: Valor Econômico, 14/08/2007, Política, p. A11

Na primeira reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois do ciclo de viagens pelos países da América Central e do Norte, ontem, o ministro da coordenação política, Walfrido dos Mares Guia, levou uma planilha com os cargos já acertados e os respectivos indicados pelos partidos que estariam prontos para a nomeação presidencial. Segundo Walfrido, estão prontos para nomear os indicados para os Correios, DNIT, Incra, Conab, diretorias regionais do Ministério da Agricultura e Funasa. "As negociações e nomeações estão em pleno andamento", assegurou o ministro.

Walfrido afirmou que nos últimos 50 dias pelo menos 200 nomes foram indicados ou mantidos pelo governo, no trabalho de recompor o Executivo nos diversos escalões da administração federal.

Antes de sua viagem, o presidente Lula assegurou aos líderes partidários, durante reunião do Conselho Político, que tão logo retornasse, concluiria o processo de distribuição dos cargos entre os aliados. Os partidos políticos já demonstravam impaciência com a demora nas nomeações. "Indicação não significa nomeação automática. Temos a maior boa vontade para atender os partidos, mas a decisão final sempre vai caber ao presidente da República", completou Walfrido.

Um dos impasses confirmados pelo ministro acontece, por exemplo, em Santa Catarina, onde o PT apóia o nome de Jorge Boeira para a presidência da Eletrosul e o PMDB deseja emplacar Paulo Afonso para o mesmo cargo. "Não tem jeito, a palavra final caberá ao presidente da República. Mas teremos que ampliar o nosso leque de composições. Temos que decidir, por exemplo, quem vai presidir o Besc, que será comprado pelo Banco do Brasil", completou.

Walfrido confirmou que a indicação do ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz (PCdoB-DF) para uma das diretorias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já está pronta na Casa Civil. A Anvisa será presidida pelo ex-ministro da Saúde, Agenor Álvares Ribeiro, que antecedeu o atual ministro José Gomes Temporão. Ele reconhece que a possível nomeação de Agnelo fecha as portas para uma indicação feita pelo governador de Goiás, Alcides Filho.

O ministro negou a informação que chegou a ser veiculada no fim de semana de que havia uma orientação no governo de postergar a reunião do Conselho de Administração de Furnas, marcada previamente para a quarta-feira. Nesta data, os diretores da estatal, que possui um orçamento de R$ 1,2 bilhão para investimentos, votarão a aprovação ou não do ex-prefeito e ex-secretário de Cultura do Rio Luiz Paulo Conde para dirigir a empresa do setor elétrico.

Conde foi confirmado depois de uma longa batalha dentro do governo. Setores do Executivo, principalmente ligados à área energética, apresentavam profundas restrições ao nome de Conde, alegando que ele, como de resto seus antecessores, não tinha conhecimentos técnicos para o cargo. Apadrinhado do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Conde acabou sendo nomeado por causa da pressão do deputado fluminense, relator da PEC da CPMF e da DRU na CCJ da Câmara. O próprio Lula reuniu-se com a cúpula do PMDB, a área política e a equipe econômica para acelerar a nomeação de Conde e permitir que a PEC da CPMF fosse votada rapidamente na Câmara.

Walfrido declarou que, se por algum motivo, a reunião do Conselho de Administração for adiada, será por questões de logística interna da estatal. Sem nenhuma relação com a votação da CPMF na Câmara. (PTL)