Título: Petrobras eleva previsão de investimento até 2012
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2007, Empresas, p. B8

A Petrobras anunciou ontem seu novo Plano Estratégico prevendo investimentos de US$ 112,4 bilhões no período de 2008 a 2012, sem contar o pagamento de dividendos. São US$ 29 bilhões acima da previsão anterior, que era de investir US$ 87,1 bilhões até 2011. A maior parte será destinada ao segmento de exploração e produção (US$ 65,1 bilhão), seguido pela área de refino, transporte e comercialização (US$ 29,6 bilhões), gás e energia (US$ 6,7 bilhões), petroquímica (US$ 4,3 bilhões), distribuição (US$ 2,6 bilhões), e biocombustíveis (US$ 1,5 bilhão).

Está previsto aumento também nos investimentos com vendas de energia elétrica, biodiesel e álcool. Os números indicam uma média de dispêndios anuais de US$ 22,5 bilhões ante a média anterior, que era de US$ 17,4 bilhões.

No aumento das previsões de investimentos, US$ 13,3 bilhões se referem a cerca de 450 novos projetos e US$ 10,9 bilhões a aumentos de custos de equipamentos e serviços. A companhia prevê aumentar a produção dos atuais 2,298 milhões de barris de petróleo e gás (no Brasil e no exterior) para 3,494 milhões de barris/dia até 2012, chegando a 2015 com produção de 4,153 milhões de barris/dia.

No período 2008-2012 a Petrobras estima que terá uma geração de caixa (depois dos dividendos) de US$ 104 bilhões, insuficientes para cumprir o ambicioso plano de investimentos. Assim, a companhia pretende aumentar as dívidas, com captações, de US$ 19,4 bilhões - uma média de US$ 3,9 bilhão por ano, ante a previsão anterior de captar uma média anual de US$ 3,1 bilhões. No período, vai amortizar outros US$ 11,4 bilhões.

"O plano é arrojado e desafiador, porém viável", ressaltou ontem o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ao anunciar o novo plano estratégico. Ele ressaltou que a alavancagem financeira da companhia diminuiu de R$ 25 bilhões para US$ 20 bilhões. Entre as premissas da Petrobras para o período estão crescimento médio de 4% do PIB brasileiro; taxa de câmbio de R$ 2,18 por dólar; e preços do barril de petróleo do tipo Brent entre US$ 10 e US$ 15 mais altos entre 2008 e 2011 do que o previsto no plano anterior, declinando para a faixa de US$ 35 o barril em 2012.

Gabrielli também destacou entre os objetivos da companhia ocupar o quinto lugar entre as maiores empresas integradas de energia do mundo. Hoje ela é a 8ª maior empresa de petróleo no critério que mede a performance das empresas com ações negociadas em bolsas de valores; e a 14ª maior do mundo segundo a Petroleum Intelligence Weekly (PIW), que avalia outros itens como reservas, produção e capacidade de refino.

Outras metas da Petrobras incluem a redução dos custos operacionais e prazos de entrada dos projetos e melhora da gestão de estoques e pessoas. Para contextualizar o ambiente de negócios para o qual a Petrobras quer estar preparada, com horizonte até 2020, Gabrielli explicou que são previstas mudanças climáticas, crescimento econômico mundial de 4,3% com maior consumo pela China e a Índia. Com mais demanda, o perfil de consumo até lá terá mais complexidade, destacou o executivo. E lembrou também que 70% das reservas de petróleo do mundo estarão sob controle do Estado ou de estatais, o que segundo ele fará com que questões geopolíticas se tornem fundamentais nos negócios. O plano estratégico prevê aumento de 32% nos investimentos com exploração e US$ 1,5 bilhão para biocombustíveis.

Na área de gás e energia a Petrobras já estuda aumentar de 20 para 31 milhões de metros cúbicos as importações de Gás Natural Liquefeito (GNL). Já as vendas de energia elétrica alcançarão 3.070 megawatts médios (MWm) em 2008, saltando para 5.439 MW médios em 2012.