Título: Mirabela prevê iniciar extração de níquel na Bahia no começo de 2009
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2007, Empresas, p. B10

A Mirabela Mineração, braço brasileiro da australiana Mirabela Nickel, vai começar em abril de 2009 a fase operacional de seu projeto de extração de níquel localizado entre os municípios de Ipiaú e Itagibá, a cerca de 370 quilômetros de Salvador. O projeto está em fase de implantação e vai consumir investimento de R$ 450 milhões.

A companhia trabalha na área desde 2004 e encerrou no mês passado a fase de avaliação de sua viabilidade econômica. Após três anos de sondagens e estudos geotécnicos e de topografia, detectou-se que as reservas de mineral, antes estimadas em 47 milhões de toneladas subiram e são de pelo menos 74 milhões de toneladas.

A programação da Mirabela prevê produção anual de cerca de 160 mil toneladas de concentrado, com 13% de teor de níquel. A vida útil da mina, que era estimada em dez anos no início do trabalho, já passou a 15 anos e é possível que chegue a 20 anos, já que os estudos e sondagens para mensurar a capacidade de produção permanecem em andamento. "O níquel não é como o minério de ferro, que dá grandes margens, mas o projeto está no momento ideal para alçar vôo. O mundo está precisando do minério", diz Raphael Bloise, diretor de implantação da Mirabela do Brasil.

Até abril de 2009, quando deverá iniciar a fase operacional, a empresa deverá ocupar-se, entre outras tarefas, da instalação de maquinário, construção de 4,5 quilômetros de estrada de acesso e de uma ponte de 200 metros sobre o rio de Contas, que passa ao lado da Fazenda Santa Rita, onde se desenrola o projeto, e o ligará à BR-330. A ponte evitará que os caminhões carregados de minério circulem pela área urbana de Itagibá, afirma a empresa mineradora.

Até o momento, a Mirabela investiu perto de R$ 45 milhões no projeto. A companhia já estuda a viabilidade de instalar também uma fundição no local, o que elevaria os gastos para acima dos R$ 450 milhões programados, segundo o australiano David Chapman, gerente de operações da Mirabela Nickel. Chapman afirma que ainda não há definição de quanto seria o investimento adicional. Em sua página na internet, a companhia informa apenas que os estudos para a instalação de uma fundição no local estão bastante adiantados e que devem ser concluídos até o fim de setembro.

A fundição em fornos conhecidos como smelter aumentaria o valor agregado do produto. O concentrado que se pretende exportar terá 13% teor de níquel, mas, após passar pela fundidora, esse percentual poderia ser elevado para 60%. A receita com as vendas pode ser multiplicada por quatro, calcula a mineradora. "Com o smelter, temos a perspectiva de verticalização do projeto, de maior aproveitamento", explica Chapman.

Ao lado da mina haverá um açude, do qual se extrairá a água necessária na extração do níquel. Segundo o diretor Raphael Bloise, isso fará com que a água do Rio de Contas seja utilizada apenas para "fins nobres", como o consumo humano. Na fase de implantação, o projeto criará três mil empregos diretos e seis mil indiretos. Quando começar a etapa operacional, a estimativa é que serão 450 funcionários diretos, além de 500 terceirizados e mil empregos indiretos.

Finalizadas as avaliações de viabilidade econômica, a companhia começa agora o trabalho de negociação de venda. No mundo, os potenciais compradores de maior relevância são a chinesa Jinchuan, a OMG, da Finlândia, e a canadense Inco, que pertence à Vale do Rio Doce, além da Votorantim. A exportação será feita pelo porto de Ilhéus, que fica a cerca de 150 quilômetros de Itagibá. A Mirabela já está em tratativas com a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), que administra o terminal, para a construção de um galpão para o projeto.

Na indústria, 67% do níquel consumido no mundo é utilizado na produção de aço inox e ligas. Entre outros, os produtos finais vão de panelas a até instrumentos cirúrgicos.