Título: Suez quer sócio do grupo Eletrobrás para disputar leilão do Madeira
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2007, Brasil, p. A2

A publicação do edital para licitação da usina hidrelétrica de Santo Antônio - a primeira das duas planejadas para o rio Madeira - e a possibilidade de participação de empresas estatais no próprio leilão colocaram em andamento novas formações de consórcios. A primeira mudança de planos foi anunciada pelo grupo Suez, que antes cogitava entrar na disputa sozinho. O presidente do grupo no Brasil, Maurício Bähr, disse ontem que a empresa buscará sócios para participar do leilão de Santo Antônio. Bähr ressaltou que a empresa gostaria de ter em seu consórcio uma subsidiária da Eletrobrás, além de fundos de pensão e outros investidores.

A possibilidade desses sócios participarem começou a ser desenhada no início desta semana, quando o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou que o governo deverá liberar a participação de estatais no leilão. Ele disse que o Ministério de Minas e Energia deverá permitir a participação de Furnas na licitação em parceria com a Odebrecht. A condição para isso, no entanto, seria a Odebrecht abrir mão de uma cláusula do contrato com a estatal que proíbe outras subsidiárias da Eletrobrás de participar do leilão.

Outro participante pode ser o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O presidente da instituição, Luciano Coutinho, confirmou ontem que o banco estará à disposição do consórcio vencedor da licitação para se juntar ao bloco de sócios, através da BNDESPar, depois do leilão. Ou participar como financiador do projeto.

"O BNDES estará à disposição, mas estamos aguardando o processo da audiência pública para que o banco possa participar do consórcio, como acionista, a não ser que haja um consórcio tão forte, tão capitalizado que não queira a nossa participação", disse Coutinho. O executivo confirmou que o banco pode ser o grande financiador do projeto, em conjunto com um pool de bancos, se o consórcio vencedor desejar a participação do BNDES na montagem desse projeto de financiamento.

Bähr explicou que, apesar de a empresa ter declarado que entraria sozinha no leilão, a idéia passou a ser, em um segundo momento, procurar parceiros. "Nunca vi esse projeto como o de uma empresa só. O objetivo é conhecer o projeto e ter uma empresa (consórcio) listada no novo mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), com todos os parâmetros de governança exigidos", disse Bähr.

De acordo com ele, se o consórcio liderado pela Suez vencer o leilão, há planos de lançar ações na Bovespa da empresa que for constituída para a construção da usina. Ele adiantou que a composição de uma eventual subsidiária da Eletrobrás e da Suez seria de 30% a 40% cada. Para o presidente da Suez, a liberação das estatais garantirá isonomia à licitação. "Gostaríamos que o leilão desse condições

de igualdade a todos os participantes", ressaltou.

A idéia do governo era vetar a entrada de estatais no leilão, para incentivar o investimento privado. Essas empresas poderiam, em um segundo momento, entrar como sócias minoritárias do vencedor. A iniciativa, porém, esbarrou em um contrato firmado entre Odebrecht e Furnas. O documento previa que Furnas entraria no leilão com a Odebrecht ou não poderia participar do mesmo. A proibição atingiria outras empresas do grupo Eletrobrás. O leilão está marcado para 30 de outubro. A minuta do edital está em consulta pública e recebe sugestões até o dia 24. A versão final deve ser divulgada em 5 de setembro. (Agências noticiosas)