Título: Conde assume presidência de Furnas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2007, Política, p. A9

Luiz Paulo Conde (PMDB-RJ) foi nomeado ontem à tarde presidente de Furnas Centrais Elétricas, a maior geradora de energia do país, apesar do voto contrário dos minoritários e aposentados representados pela Após-Furnas que participaram da assembléia geral extraordinária realizada pela manhã. Segundo a assessoria de Conde, ele não vai fazer qualquer mudança na companhia, pelo menos durante a fase de transição. Pela manhã o arquiteto, que é afilhado político do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi nomeado membro do conselho de administração da estatal, que agora só tem representantes do governo. A iniciativa, ao que parece, é uma tentativa de "blindar" a companhia.

Para a presidência do conselho foi nomeado Valter Cardeal, presidente interino da Eletrobrás e homem de confiança da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Representando o Ministério do Planejamento foi nomeado Alexandre Meira da Rosa. As outras duas vagas são ocupadas por funcionários do Ministério de Minas e Energia: Márcio Zimmermann (secretário de Planejamento) que não participou da assembléia ontem porque estava na Argentina, e Ricardo Dornelles (secretário de gás). O outro conselheiro, ainda interino, é Fábio Resende, diretor de operação e comercialização de energia de Furnas. À tarde, o conselho se reuniu e nomeou o presidente.

O diretor da Associação dos Acionistas Minoritários de Furnas, Agenor de Oliveira, disse que a entidade fez questão de declarar seu voto contrário à escolha de Conde para presidir a empresa por entender que o cargo, ainda que tenha uma variante política, exige qualificação técnica por parte do seu ocupante. "O presidente de uma empresa de energia elétrica precisa, em vários momentos, decidir tecnicamente", disse, argumentando que para esses casos, não basta apenas o dirigente ter um bom assessoramento.

A Associação dos Minoritários de Furnas foi criada em novembro de 1998, na época que a empresa estava na lista das estatais privatizáveis, para lutar nas assembléias contra a privatização que acabou não ocorrendo. Segundo Oliveira, ela hoje possui mais de mil associados, todos com muito poucas ações cada, às vezes apenas uma. A idéia, de acordo com Oliveira, é lutar dentro das regras societárias, sem a pretensão de modificar as decisões do acionista majoritário, no caso, a União, por intermédio da Eletrobrás, mas alertando quanto a critérios inadequados que possam ferir os interesses da própria União. "Quando a questão político partidária é o único critério, isso é um erro", disse.