Título: Copom, base para o corte
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2011, Politica, p. 3

A equipe econômica já dá como certo o avanço dos juros básicos e vai aguardar a primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) antes de definir o tamanho do bloqueio feito no Orçamento para este ano. A retenção pode ultrapassar os R$ 30 bilhões, mas, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda não há nenhum valor consolidado. A reunião do colegiado está marcada para os dias 17 e 18 e o tamanho do arrocho monetário, na visão da Fazenda, não será influenciado neste início de ano, mesmo que o governo anuncie a disposição de realizar um aperto de cinto maior.

O ministro Mantega afirmou que a decisão não sairá antes dos próximos quinze dias e atribuiu a demora à necessidade de ser minucioso na análise do corte. ¿A definição da redução de gastos no Orçamento vai demorar uma, duas semanas ou mais porque as informações estão vindo para o sistema ainda. O Ministério do Planejamento está trazendo essas informações hoje (ontem) e vamos começar a trabalhar com cada pasta. Não é uma coisa rápida e fácil¿, afirmou, sugerindo que a guilhotina não será linear e afetará alguns ministérios.

Linearidade

O contingenciamento do Orçamento, como também é chamado, não é um corte exclusivo. A cada dois meses, o Planejamento faz uma reavaliação de despesas e receitas e pode, ao longo do ano, determinar novas retenções ou liberar parte dos recursos ¿ normalmente, as torneiras são abertas no segundo semestre. Mantega, no entanto, reafirma o discurso da austeridade fiscal, prometido para o governo da presidente, Dilma Rousseff, e garante que, ao contrário dos anos passados, o bloqueio será efetivo. ¿A gente vai analisar todos os números e ministérios. Não é para ser revertido. Vai ser uma redução definitiva de dispêndios até o fim do ano¿, disse. Em 2010, dos R$ 31,8 bilhões bloqueados no primeiro semestre, R$ 22,8 bilhões foram liberados posteriormente para a execução das despesas não obrigatórias ¿ recursos que podem ser usados em projetos dos ministérios e não estão vinculados, por exemplo, à folha de pagamento.

"A gente vai analisar números e ministérios. Não é para ser revertido. Vai ser uma redução definitiva de dispêndios até o fim do ano¿

Guido Mantega, ministro da Fazenda