Título: Blindagem de carros já cresce acima do previsto para o ano
Autor: Manechini, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2007, Empresas, p. B7

Embalados pelo aquecimento do setor automotivo, que vem registrando produção e vendas recordes neste ano, os fornecedores de blindagens para veículos já comemoram o crescimento no número de negócios. A Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) estimava um crescimento de 12,5% para o ano, mas já admite ser uma previsão conservadora e empresas como a InbraFiltro, PG Products e Auto Life vislumbram, ao menos, 25% de alta em 2007, o que ilustra o otimismo do setor.

Jairo Cândido, presidente do Grupo InbraFiltro, já estuda a ampliação de sua fábrica. "Só não produziremos mais em 2007 por falta de capacidade", diz o executivo. No ano passado, o grupo investiu R$ 3 milhões em uma nova unidade para atender, principalmente, os veículos da Volkswagen. A Inbra deve instalar 1.380 kits de blindagem neste ano. Em 2006, foram instalados 1.080.

O maior volume de encomendas ocorre, de acordo com o presidente da Abrablin, Christian Conde, porque o mercado de veículos blindados cresce, normalmente, na mesma proporção que a indústria automotiva. "Basta fazer um comparativo com o número de licenciamentos ocorridos no ano passado", afirma. Os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam para 13,7% o aumento no número de licenciamentos em 2006. A evolução da quantidade de carros blindados no país foi semelhante, 13% no mesmo período.

Mas o fator que tem o maior impacto e deve fazer com que a estimativa de crescimento de 12,5% seja superada, segundo Conde, é a importação de automóveis. O último relatório da Associação Brasileira de Empresas Importadoras de Veículos (Abeiva) registra alta de 65% no número de carros importados na comparação do primeiro semestre de 2007 com o mesmo período do ano passado. Até o final de junho, foram importadas 91,4 mil unidades. "O veículo importado certamente é mais visado. Por isso a correlação com a possibilidade de ultrapassarmos com certa facilidade a previsão inicial de 12,5% de crescimento", declara.

A PG Products, que atua na produção de vidros blindados, prevê faturar R$ 11 milhões no ano, o que representa uma evolução de 24% em relação a 2006, quando a empresa alcançou R$ 8,9 milhões. Edson Yoshikuma, presidente da PG Products, diz que o resultado só não será maior devido ao câmbio desfavorável. "Há três anos imaginávamos exportar até 40% da nossa produção, mas o real valorizado não nos permitirá atingir esta meta", lamenta o executivo. Segundo ele, a empresa produzirá até o final do ano cerca de 700 kits para o mercado interno e 100 kits para exportação.

A mesma sensação é verificada na Auto Life. Para o diretor, Ricardo Mendonça de Barros, "muitas vezes na hora da entrega, normalmente dois meses após o pedido, o câmbio já havia sufocado as margens de ganho. Sem fazer hedge teria tido prejuízo nas exportações", diz.

Mesmo com a rentabilidade prejudicada, Barros estima um faturamento 30% acima do obtido no ano passado. "Existe a demanda dos veículos pesados, que ocorre pela maior circulação de dinheiro no país, e também um novo público pessoa física que passou a utilizar a blindagem em seus carros". No total, entre veículos pesados e leves, a empresa deve encerrar o ano com 260 kits instalados.

Tanto no caso da Auto Life, quanto no da PG Products, a exportação é mais concentrada nos veículos pesados, em geral, os carros-fortes.