Título: PIB do agronegócio deve ser recorde
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2007, Agronegócios, p. B11

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio começa a exibir sinais de desaceleração, mas o resultado projetado para este ano deve superar o desempenho recorde registrado em 2004.

Estimativas divulgadas ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea) indicam uma elevação maior na renda dos segmentos vinculados à pecuária (2,36%), sobretudo indústria e distribuição, além de uma expansão mais acentuada no PIB dos insumos agrícolas (3,39%), devido à antecipação das compras para a nova safra de grãos 2007/08.

Os dados consolidados pelo estudo até maio apontam um bom desempenho nos segmentos básicos, a chamada "da porteira para dentro". Na média, a agropecuária cresceu 2,97% no período, mas a soma de todas riquezas do campo expandiu-se 1,67%. Com isso, CNA-Cepea mantêm a projeção para um PIB total de R$ 564,4 bilhões para o agronegócio em 2007, resultado 4,5% superior aos R$ 540 bilhões de 2006. Ou seja, haveria uma renda extra de R$ 24,3 bilhões. No ano passado, o agronegócio cresceu 0,45% e a agropecuária recuou 2,12%, para R$ 149,8 bilhões no país.

O cenário favorável do PIB está concentrado nos bons resultados das lavouras de algodão, cana-de-açúcar, milho e soja, além da pecuária de leite, frangos e bovinos. Ajudado por bons preços internacionais e forte demanda mundial, o Valor Bruto da Produção (VBP), que mede a receita dos 25 principais produtos do setor, deve fechar o ano com expansão de 13,7%, segundo a CNA. A projeção evidencia uma recuperação de R$ 23 bilhões no faturamento das 20 principais lavouras neste ano - ou 15% acima de 2006.

Mesmo com a melhora na renda, a CNA argumenta ter havido uma redução na margem de lucro dos produtores. "Os números não mentem, mas enganam", resume o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. Por isso, a entidade anunciou uma estratégia que tentará reduzir os preços de defensivos e fertilizantes mais utilizados no campo.

Com peso de 40% nos custos de produção, esses dois insumos sofrem medidas anti-dumping impostas pelo governo. Herbicidas a base de glifosato, por exemplo, têm sobretaxa de 35,8% para entrar no país e o nitrato, matéria-prima dos fertilizantes, paga até 49% na importação. "Precisamos abrir o mercado para defensivos genéricos do Mercosul com registro por equivalência e tentar reduzir a concentração no mercado de fosfatados, hoje todo nas mãos da Bunge", afirmou Cotta.

O mercado de defensivos movimenta US$ 4,5 bilhões a cada safra, segundo o superintendente. A CNA também quer o fim do adicional de 25% de frete da Marinha Mercante nas compras de fertilizantes. "Gastamos R$ 211 milhões em 2006. É um custo de 5% no custo dos produtores", disse Cotta.