Título: Cabral e Maia discutem aliança em 2008
Autor: Magalhães, Heloisa e Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2007, Política, p. A11

Oscila o clima das relações entre o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito da capital Cesar Maia (DEM), mas uma posição de consenso tem tudo para prosperar, a opção por uma coligação com a escolha de um candidato único à Prefeitura do Rio.

Cabral e Maia têm conversado. Como não há um nome forte para a disputa, os dois avaliam inclusive aqueles pouco conhecidos pela população, como o de Régis Fichtner, braço direito do governador desde quando era deputado estadual. Hoje, Fichtner ocupa a Secretaria da Casa Civil. Segundo Maia, nas conversas realizadas surgiu também o nome de Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE, hoje no comando do Instituto Pereira Passos, órgão municipal de urbanismo.

"A tese básica - no caso da capital - seria um nome político não partidário com representação social, que seria apoiado pelos dois e com o número 25 (do DEM)", disse Cesar Maia, em entrevista por e-mail, ao contar sobre reunião com Cabral nesta semana para discutir o tema.

Maia informou, ainda, que tem "conversado com o deputado (Jorge) Picciani (PMDB, presidente da Assembléia Legislativa) desde março no sentido de uma parceira em 2008 no Rio em diversos municípios, incluindo a capital".

Fichtner é filiado ao PMDB e foi suplente de Cabral ao Senado. Sua assessoria não confirma a candidatura. Já Besserman, filiado ao PSDB, facilitaria a composição entre o DEM e os tucanos, uma vez que são azedas as relações entre Maia e o virtual candidato do PSDB, o secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Eduardo Paes.

O acordo com o PMDB nas próximas eleições municipais também interessa ao futuro político de Maia, que inclui uma possível candidatura ao Senado em 2010.

Embora haja rumores em torno do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de lançar o ministro da Cultura, Gilberto Gil, para a Prefeitura do Rio, na avaliação do cientista político Marcus Figueiredo, do Iuperj, a composição DEM-PMDB é viável e não chegaria a afetar aliança de Cabral com Lula. "A relação deles é nacional e não há nenhum compromisso de apoiar o candidato do PT no Rio. O governador tem força política para apoiar outro candidato do PMDB ou do DEM. O compromisso era de apoiar Lula e isso ele fez", disse Figueiredo.

Para o cientista político, a aliança pode funcionar bem porque o casal Garotinho não tem força na capital. "Mas essa aliança na capital não garante a aliança do PMDB com o DEM no interior", lembra Figueiredo. Mas há uma pedra no caminho, Anthony Garotinho. O ex-governador e presidente do PMDB no Estado, até o momento está inelegível, mas ainda é forte no interior e influencia grande parte do partido, em oposição a Cabral.

Um argumento que reforça a tese de uma composição do PMDB com o DEM é a falta de unidade e de um nome com carisma no PT do Rio. "O PT está esfacelado no Rio", diz Figueiredo.

Os pré-candidatos declarados do PT são a ex-governadora e atual secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva; o deputado estadual Alessandro Molon, o ex-candidato a governador Vladimir Palmeira e o deputado federal Edson Santos. No PMDB, cogita-se ainda o deputado estadual Marcelo Itagiba. "O PMDB ainda não se decidiu, mas defendo a aliança com o DEM, com o apoio de Cabral", afirmou o líder do governo da Assembléia Legislativa, Paulo Melo.

Pelo DEM, também há pré-candidatos, diz Maia. São Solange Amaral (derrotada para governadora em 2002), o deputado estadual Índio da Costa, o ex-deputado federal Roberto Medina, o ex-deputado estadual Eider Dantas e a vereadora Rosa Fernandes.

O P-SOL tem como pré-candidato o deputado federal Chico Alencar. Apesar de ser um dos campeões de voto na cidade, Alencar terá tempo muito curto de propaganda eleitoral e conta com poucos recursos. "Vai ser uma campanha na base do suor", disse.

Já o PCdoB deve lançar a ex-senadora Jandira Feghali, atual secretária de Desenvolvimento de Niterói. No PPS, a juíza Denise Frossard, candidata derrotada ao governo do Estado em 2006, é o nome mais provável.