Título: Pão de Açúcar renegociará compra de não-alimentos para elevar margem
Autor: Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2007, Empresas, p. B4

Tanto Abilio Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, como Cassio Casseb, presidente executivo da varejista, admitiram ontem, em reunião com analistas de investimento, que os resultados apresentados no segundo trimestre foram "frustrantes". Além dos gastos com a reestruturação da companhia e os contínuos prejuízos na Sendas, no Rio de Janeiro, as vendas não aumentaram no ritmo desejado nem as despesas caíram na velocidade prevista.

Casseb, porém, não alterou as metas para 2007. "Estamos trabalhando duro para isto", prometeu o executivo, que projeta um crescimento no ano de 5% nas vendas nas mesmas lojas (o que exclui as novas unidades abertas ao longo do ano). Neste conceito, as vendas cresceram 4,6% no segundo trimestre.

Mas o terceiro trimestre não começou tão bem. Ontem mesmo a empresa anunciou que suas vendas líquidas "mesmas lojas" aumentaram apenas 1,7%. Os produtos alimentícios apresentaram crescimento de 3,7%, enquanto as vendas de não-alimentos registraram desempenho negativo de 6,7%.

As vendas de produtos eletroeletrônicos estão decepcionando. Ao ser questionado pelos analistas, Casseb explicou que a demanda nacional por televisores está mais fraca do que em 2006, quando a Copa do Mundo inflacionou o consumo, mas reconheceu que, neste segmento, o Pão de Açúcar foi pior do que o mercado. Segundo Casseb, a companhia vem adotando medidas para reverter este quadro.

A varejista irá iniciar uma rodada de renegociação dos contratos com os seus fornecedores de produtos não-alimentícios, o que deve refletir-se positivamente na rentabilidade nos próximos meses. Essa renegociação já foi feita com os fornecedores de alimentos e é um dos fatores que explicam a melhora na lucratividade no segundo trimestre. A margem bruta de lucro sobre a receita líquida cresceu de 28% no primeiro trimestre para 28,3% no segundo. Qualquer ganho neste indicador tem um efeito sobre resultado final.

O amplo programa de substituição de bandeiras que será implementado pelo grupo nos próximos meses também deve repercutir favoravelmente sobre a lucratividade. A empresa irá converter pelo menos 9 lojas do Pão de Açúcar na marca Extra Perto. Várias lojas que serão abertas no interior de São Paulo - e que seriam Comprebem - agora também estarão debaixo dessa nova bandeira. O grupo reduziu de 14 para 8 o número de funcionários nas lojas que já foram convertidas.

Apesar de admitir que o desempenho foi aquém do previsto, Abilio Diniz afirmou que não tomará medidas radicais. "Se fizermos cortes acima do razoável, vamos destruir valor", afirmou aos analistas. Os resultados são fracos mas são consistentes".