Título: China toma precauções contra "apagão aéreo"
Autor: Bodeen, Christopher
Fonte: Valor Econômico, 20/08/2007, Internacional, p. A7

Não é só no Brasil que o sistema de transporte aéreo está mostrando problemas de atrasos e de insegurança. Na China, a autoridade aeronáutica, citando preocupações de segurança, anunciou planos para diminuir o número de vôos no sobrecarregado aeroporto de Pequim e uma proibição à fundação de novas companhias aéreas até 2010.

As companhias aéreas chinesas transportaram 19,6% mais passageiros até agora, neste ano, em comparação com o ano passado, sobrecarregando o pessoal de apoio no solo, anunciou a Administração Geral da Aviação Civil (AGAC) chinesa, em comunicado postado em seu website.

"Juntamente com o rápido desenvolvimento do setor, surgiram problemas cada vez mais urgentes de disponibilidade de pessoal técnico, recursos de espaço aéreo e garantias de segurança aeroportuária", diz a nota.

No fim de outubro, as chegadas e partidas de vôos no aeroporto de Pequim serão restritas a 1.050 por dia, ou 58 por hora em períodos de pico, e cairão ainda mais, para mil por dia, ou um máximo de 55 em horários de pico, a partir do fim de março de 2008, diz a nota.

O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem capacidade para receber com segurança 48 pousos e decolagens por hora, segundo estimativa o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas.

As três maiores companhias aéreas chinesas, - Air China, China Eastern e China Southern -, serão obrigadas a eliminar um total de 336 vôos diários, diz a nota.

Porta-vozes das companhias aéreas confirmaram planos para redução de vôos, mas disseram não ter ainda recebido aviso oficial da AGCA. Peng Jun, da China Southern, disse ter conhecimento de que sua companhia planeja eliminar dez vôos. Outras empresas aéreas não divulgaram detalhes.

Pequim já tem o nono aeroporto mais movimentado do mundo, em número de passageiros, e está se preparando para um salto no tráfego à época dos Jogos Olímpicos de Verão, daqui a um ano, a contar deste mês.

Longos e freqüentes atrasos já fizeram com que a agência reguladora eliminasse alguns vôos cronicamente atrasados. Através do aeroporto - atualmente sendo ampliado a um custo de US$ 3,3 bilhões, e que estará com suas obras concluídas até o fim do ano - transitaram 26 milhões de passageiros na primeira metade do ano, ou cerca de 53% dos 48,7 milhões que por ele passaram durante todo o ano passado.

Outros aeroportos com tráfego elevado receberão instruções para tomar medidas similares em março de 2008, anunciou a AGAC, sem citar quaisquer aeroportos específicos ou número de vôos.

Não houve menção sobre as companhias aéreas estrangeiras que seriam afetadas.

A AGAC informou que será permitida a criação de novas companhias aéreas a partir de 2010, mas que os requisitos para entrada nesse mercado serão bem mais exigentes.

A AGAC anunciou que deverá "apoiar e incentivar" transportadoras aéreas de cargas baseadas nas regiões menos densamente habitadas do oeste e nordeste da China - as que voam durante horários noturnos menos movimentados, que empregam tripulações estrangeiras e que operam com aeronaves de fabricação chinesa.

A agência reguladora disse que será incentivado um crescimento na capacidade de transporte de cargas aéreas, mas afirmou que os tempos de vôo, os procedimentos de manutenção das aeronaves e outras condições serão fiscalizados rigorosamente.

"Para garantir a segurança e implementar um desenvolvimento promissor, rápido, saudável e ordeiro do setor, a AGAC decidiu promover um ajuste generalizado no número de vôos, nos requisitos de admissão ao setor aeronáutico e no aumento na capacidade do transporte de cargas", conclui a nota da agência.

(Com São Paulo)