Título: Lula diz que agora há fôlego para cuidar do social
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2005, Política, p. A6

Na edição de ontem do programa de rádio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que, agora, com o retomada do crescimento econômico, o Brasil terá mais "fôlego e força" para cuidar dos problemas sociais, citando como exemplo a questão da reforma agrária. A declaração foi uma resposta direta aos movimentos sociais, que têm reclamado que o governo do PT está se afastando dos seus compromissos históricos. "Quando chego no acampamento dos sem-terra e vejo centenas de pessoas pobres que estão há dois anos embaixo de um barraco de lona preta e essas pessoas continuam com o mesmo discurso de esperança que tinham dez anos atrás, eu sou obrigado a reconhecer: o presidente da República precisa receber todo mundo, precisa governar para todos", afirmou. "A gente não pode esquecer quem é mais companheiro ou menos companheiro." Aos ouvintes do "Café com o Presidente", Lula reforçou a idéia de que um governante não pode esquecer suas origens e que as pessoas precisam ter a compreensão de que o processo político é lento. "As mudanças não são feitas com a rapidez que a gente deseja, mas é importante que a gente esteja com a consciência tranqüila de que as coisas vão acontecendo." E salientou que, embora esteja presidente, sua "visão sobre o mundo real", não mudou depois que assumiu o governo. Lula reiterou que voltará a morar em São Bernardo do Campo depois que terminar o mandato. "Vou ficar a 600 metros do Sindicato dos Metalúrgicos, onde tudo começou na minha vida, vou ter convivência com os sem-terra, com os movimentos sociais, que são a base da minha formação política, que foi minha origem". O presidente aproveitou para dizer que em 2005 o governo vai inaugurar muitas obras pelo Brasil e que este ano será infinitamente melhor do que os últimos dois anos.