Título: Jovens vão além dos pais
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2011, Economia, p. 12

TRABALHO Com nível maior de escolaridade, filhos da classe C têm empregos melhores e ganham mais, garantindo até 50% da renda familiar

A forte mobilidade social no Brasil está provocando mudanças profundas no perfil dos jovens trabalhadores da classe C ¿ a que mais cresce no país. Com nível de escolaridade superior ao dos pais, têm se colocado no mercado por meio de profissões menos tradicionais e que pagam salários melhores. É o que mostra estudo elaborado pelo instituto Data Popular. Enquanto a moçada de 18 a 25 exerce funções como a de atendente em telemarketing e operadores de caixa, os mais velhos, de 45 a 65 anos, trabalham, majoritariamente, como pedreiros, cozinheiros e domésticos, empregos que exigem menos qualificação.

¿O jovem mais escolarizado tem condições de se manter em empregos que oferecem salários melhores. Cada ano de estudo até o ensino superior significa 15% a mais de rendimentos¿, disse Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. Ele ressaltou que, pela pesquisa, apenas 26% da atual geração de pais de classe C concluíram o ensino fundamental, contra 65% dos filhos. Entre a população enquadrada na classe A, o índice de pais que tem o ensino médio completo chega a 71% e dos filhos, a 74%.

Na avaliação de Meirelles, o levantamento do Data Popular reforça o argumento de que a nova classe média veio para ficar, reflexo da redução das desigualdades e da melhor distribuição do crescimento econômico ¿ em 2010, o Brasil deu o maior salto em quase um quarto de século, entre 7,5% e 8%. ¿Não à toa, as empresas estão mudando toda a forma de atuação para conquistar a nova clientela, ávida para consumir¿, destacou.

A pesquisa, feita a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta ainda que os jovens das classes C e D somam 19,5 milhões de trabalhadores, 84% do total de empregados com idade entre 16 a 25 anos no país. Detentores de uma renda total de R$ 96,6 bilhões ¿ mais que o dobro das classes A e B ¿, o papel deles nas decisões de compra das famílias ganhou mais relevância do que nunca. Com a renda maior que a dos pais, contribuem, em média, com 50% do orçamento familiar, contra apenas 10% dos jovens da classe A. ¿Se conquistado agora, esse público se tornará cliente fiel pelos próximos 30 anos¿, comenta Meirelles.

Os dados do Data Popular comprovam também que, na classe C, 76% dos jovens trabalham. Nas classes A e B, o índice cai para 72%. Além disso, os novos emergentes se mostram com maior independência financeira: somente 16% recebem algum tipo de ajuda mensal dos pais. Para os representantes das classes A e B da mesma faixa etária, a mesada chega a 25% jovens dos casos.

De olho nesta realidade, o Data Popular, destaca que o poder de compra dos jovens emergentes favorece a exploração, por parte das empresas, de segmentos como alimentação e vestuário. A indústria automobilística também tem boas oportunidades de negócio entre os jovens da classe C. Cerca de 4,8 milhões deles dizem estar interessados em adquirir um veículo e 4,5 milhões em comprar uma motocicleta.

Outra pesquisa, desenvolvida pela consultoria Plano CDE, revela que, em 10 anos, as famílias da classe C representarão 41% dos lares brasileiros. ¿Essa classe sustentará o crescimento do consumo no país¿, observa Luciana Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE. Luciana destaca que, entre 2002 e 2008, a participação da classe C na população saltou de 28% para 34%, e deve continuar crescendo nos próximos anos. ¿É possível observar o movimento de aproximação do comportamento desse consumidor brasileiro ao padrão típico de países desenvolvidos¿, avaliou. A Plano CDE calcula ainda que as classes D e E representarão 39% das famílias brasileiras em 2020.

Quem são eles

» Dos 21 milhões de jovens economicamente ativos, 19,5 milhões são das classes C e D.

» Das pessoas entre 16 e 25 anos das famílias da classe C, 16% recebem algum tipo de mesada.

» Jovens da nova classe média têm renda anual de R$ 96,6 bilhões, saldo bem maior do que os rendimentos dos jovens da elite, com R$ 41,4 bilhões.

» Dos jovens da classe C, 64% costumam comprar roupas e acessórios; 26% gastam regularmente com alimentos e 10% investem em educação.

» Cerca de 4,8 milhões de jovens são consumidores potenciais de automóveis e aproximadamente 4,5 milhões de motocicletas

Fonte: Instituto Data Popular.

Seguro tem alta

Vânia Cristino

Os trabalhadores que perderem o emprego a partir deste mês terão direito a um seguro-desemprego mais elevado. Desde 1º de janeiro, em conseqüência do aumento do salário mínimo, a menor parcela do benefício concedido ao trabalhador demitido sem justa causa passou para R$ 540. O valor da maior parcela foi reajustado para R$ 1.010,34.

Os recursos para o pagamento do seguro-desemprego são do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Para este ano, o orçamento total do FAT, aprovado pelo seu Conselho Deliberativo, é de R$ 48,6 bilhões. Desse total, R$ 22 bilhões estão reservados para o pagamento do auxílio. Em 2010, o orçamento do FAT foi de R$ 43 bilhões, sendo R$ 21,8 bilhões destinados ao seguro aos desempregados.

A pequena diferença de um ano para o outro, apesar do aumento do emprego com carteira assinada, tem explicação na alta rotatividade da mão de obra no país. Segundo estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para o Ministério do Trabalho, a taxa média de rotatividade dos trabalhadores brasileiros é de 36% ao ano.

Cerca de dois terços dos trabalhadores deixam seus postos antes de atingirem um ano de trabalho. Os desligamentos com menos de seis meses de duração superaram 40% do total dos vínculos encerrados a cada ano. Metade desse contingente não chega a atingir três meses de duração. Quase 80% dos rompimentos de contratos entre empregados e empregadores ocorrem com menos de dois anos duração.

Parcelas Têm direito ao seguro-desemprego os trabalhadores formais, demitidos sem justa causa, o pescador artesanal e o empregado doméstico, desde que o patrão esteja recolhendo o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Para receber o benefício o trabalhador deve ficar atento aos prazos. Ele deve procurar a Superintendência Regional do Trabalho, os postos do Sistema Nacional de Emprego (Sines) ou os sindicatos conveniados com o Ministério do Trabalho a partir do sétimo dia da demissão. O prazo final é o 120º dia, a contar da data do desligamento sem justa causa.

O seguro-desemprego é pago em, no máximo, cinco parcelas, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de 16 meses, tempo necessário para que o trabalhador que recebeu o benefício uma vez faça novo requerimento do benefício. Pode receber três parcelas do seguro o trabalhador que comprovar vínculo empregatício mínimo de seis meses e máximo de 11 meses nos últimos 36.

O benefício sobe para quatro parcelas no caso do trabalhador que teve a carteira assinada por, no mínimo 12 meses, e, no máximo, por 23 meses nos últimos três anos. As cinco parcelas são pagas ao trabalhador que comprovar vínculo de no mínimo 24 meses nos últimos três anos. O valor do seguro tem relação com a média salarial. A parcela mínima é equivalente ao piso mínimo do país. Tanto o piso quanto o teto são reajustados uma vez por ano, na data do reajuste do salário mínimo.

Fique ligado

Para se chegar ao valor do seguro desemprego é preciso calcular o valor do salário médio dos últimos três meses trabalhados e aplicar a tabela abaixo:

Faixas de salário médio - Valor da parcela

» Até R$ R$ 891,40 - Multiplica-se salário médio por 0,8 (80%)

» De R$ 891,41 a R$ 1.403,28 - O que exceder a R$ 841,88 multiplica-se por 0,5 (50%) e soma-se a 713,12

» Acima de R$ 1.403,28 - O valor da parcela será de R$ 1.010,34, invariavelmente

Observação: o valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo de R$ 540 em vigor desde 1° de janeiro de 2011

Fonte: Ministério do Trabalho

Cobra abre mais vagas

Os concurseiros devem ficar atentos. Especialmente aqueles que almejam uma vaga na Cobra Tecnologia, empresa controlada pelo Banco do Brasil. A companhia ampliou em 1.066 o número de oportunidades de cadastro reserva para os cargos de técnico administrativo e técnico de operações ¿ de 319 para 1.385. A retificação foi publicada ontem pelos organizadores do certame. Os salários variam de R$ 575,88 a R$ 2.994,56.

Nos demais cargos não houve alterações. No total, a Cobra oferece 215 vagas imediatas e 4.538 para formação de cadastro reserva tanto no nível médio quanto no superior. As inscrições podem ser feitas até 31 próximo. Os interessados pagarão taxa de participação entre R$ 9,87 e R$ 47,12, de acordo com a função pretendida.

O concurso foi dividido em três editais para os cargos de analista administrativo, analista de operações, auxiliar de operações, técnico administrativo e técnico de operações. Os selecionados trabalharão em São Paulo, Pará, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Goiás, Paraíba, Alagoas, Amazonas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Acre, Roraima, Tocantins, Amapá, Sergipe, Piauí e Espírito Santo. Além de provas objetivas, os candidatos passarão por avaliação de títulos, verificação de documentos e exames médicos. A jornada de trabalho é de 44 horas semanais.