Título: AL reduz pobreza, mas economia vai desacelerar
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2005, Internacional, p. A8

A economia mundial deve sofrer leve desaceleração em 2005, em decorrência de desequilíbrios econômicos que provavelmente não serão solucionados no curto prazo. Essa é a conclusão do relatório anual "Situação Econômica Mundial e Perspectivas para 2005", divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os principais desequilíbrios, diz o documento, está o alto déficit fiscal de algumas grandes economias, sobretudo dos EUA, que não deverá ser corrigido com uma queda rápida do dólar, como esperam alguns economistas.

"Muitos países têm déficits fiscais excessivos. E os esforços para reduzi-los terão um leve impacto no crescimento econômico", diz o relatório. "Mas apesar dessas pressões, as condições econômicas globais permanecerão sólidas e o crescimento mundial deverá ser moderado e não sofrer um revés." Em seu relatório de 121 páginas, a ONU prevê expansão de 6,2% para os países em desenvolvimento da Ásia - um redução de 0,05 ponto percentual em relação a 2004 após os tsunamis que mataram mais de 200 mil pessoas na região, em dezembro. O Japão deve crescer 1,75% (contra 3,6% em 2004), a União Européia crescerá 2,25% (contra 2,3% no ano passado) e EUA desacelerariam para 2,5% frente aos 3,4% registrados em 2004. O crescimento econômico na América Latina neste ano seria de 4%, pelos cálculos da ONU. A boa notícia é que o crescimento de 5,5% da economia da América Latina e do Caribe em 2004, diz o relatório, reduziu a taxa de pobreza da região de 44,3% para 42,9%. O desemprego caiu de 10,7% para 10%. A ONU lembra que o segundo ano sucessivo de saldo de conta corrente positivo é inédito nos últimos 50 anos. O relatório também nota uma redução no endividamento total de 64% para 59% do PIB regional (o cálculo é feito por média simples da dívida sobre PIB em todos os países). Os principais riscos ao crescimento em 2005, segundo a ONU, são a redução da demanda internacional pelas exportações devido ao desaquecimento da economia mundial e uma alta adicional e brusca de preços de petróleo, que pode estimular a inflação e, conseqüentemente, alta de taxas de juros e redução do crescimento. A demanda pelas exportações estará bastante ligada ao crescimento do PIB na China e nos Estados Unidos. (Com agências internacionais)