Título: Acordo facilita viagens à Colômbia
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2007, Brasil, p. A4

Menos de duas semanas depois da prisão espetacular do procurado traficante de drogas colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, o "Chupeta", Brasil e Colômbia assinaram, ontem, um acordo para facilitar o trânsito de brasileiros e colombianos entre as fronteiras dos dois países.

Pelo acordo, que entrará em vigor 30 dias depois de aprovado pelos respectivos Congressos, os cidadãos dos dois países necessitarão apenas da cédula de identidade para visitar o país vizinho, onde poderão permanecer por 90 dias, prorrogáveis por mais 90, desde que estejam a turismo ou fazendo uma viagem de negócios.

O acordo foi anunciado após reunião, ontem, dos ministros de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e da Colômbia, Fernando Araújo, que também firmaram outros três acordos, de cooperação técnica sobre reciclagem, bancos de leite humano e produção de ovinos e caprinos.

Com posições distintas nas negociações comerciais e resistências internas ao aprofundamento do acordo existente de liberalização de comércio entre os dois países, os ministros se limitaram a elogiar o aumento dos investimentos de empresas brasileiras na Colômbia, país com o qual o Brasil tem um superávit comercial crescente (quase US$ 1,9 bilhão no ano passado e pouco menos de US$ 1,5 bilhão neste ano, até julho).

As relações entre Brasil e Colômbia vêm avançando, porém, no campo da defesa e segurança, terreno em que, segundo informou o ministro Celso Amorim, os dois governos têm trocado informações, enquanto buscam também a atuação conjunta com o Peru, que é o segundo maior produtor de cocaína do continente, logo depois dos colombianos.

Nos próximos dias, o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos visitará o Brasil para discutir a cooperação entre os dois países. O ministro colombiano de Relações Exteriores, Fernando Araújo, disse não ter notícia de outros traficantes de seu país escondidos no Brasil e elogiou a colaboração do governo brasileiro na busca de criminosos perseguidos pelo governo colombiano.

Araújo desconversou quando lhe perguntaram a opinião sobre a oferta feita pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de mediação nas negociações para libertação de reféns da guerrilha colombiana. O governo da Colômbia já autorizou políticos da oposição a negociarem em seu nome a libertação dos reféns, e mantém duas pré-condições para um acordo: não aceita criar novas zonas desmilitarizadas para a troca de reféns por guerrilheiros presos e quer o compromisso de que os presos libertados não voltarão a participar de ações da guerrilha. (SL)