Título: BNDES deve financiar provedores de internet
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2011, Economia, p. 15

BANDA LARGA

O Ministério das Comunicações vai negociar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a criação de uma linha de crédito para os provedores de internet. A ideia é usar os recursos vinculados ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que prevê a cobertura de 68% dos domicílios brasileiros com serviço de alta velocidade até 2014, por preços de até R$ 35 mensais. Após uma reunião com representantes do setor, ontem, o ministro Paulo Bernardo sinalizou com a possibilidade de a Telebrás atuar em parceria com os provedores.

O encontro com os empresários marcou o início das conversas no governo Dilma para a massificação da banda larga. O objetivo é solucionar os impasses até maio para, a partir daí, iniciar a implementação das ações. ¿A reunião marcou a reaproximação dos provedores com o governo, de forma franca e transparente. Apresentamos as dificuldades que temos e o ministro se mostrou disposto a ajudar¿, disse o presidente da Associação Nacional para a Inclusão Digital (Anid), Percival Henrique. Entre os principais obstáculos apontados pelos representantes das companhias, estão a burocracia, a dificuldade de acesso ao crédito e o peso dos impostos.

Discrepância

Os provedores alegam ainda problemas em relação à prestação do serviço no interior, onde o preço médio cobrado pelo mercado é de R$ 60. ¿O governo vai fazer o possível para ajudar, mas tudo tem que estar em uma planilha de custos a ser apresentada no próximo encontro¿, disse Bernardo. Entre os casos citados, está a discrepância de preços fixados pelas distribuidoras de energia elétrica pelo uso da infraestrutura. Enquanto algumas empresas cobram R$ 2 por poste usado, outras chegam a R$ 9. ¿Falta padronização. É preciso haver um preço razoável¿, reclamou Henrique.

Os gastos com link ¿ principal insumo para a oferta do serviço de internet ¿ também foram tema da conversa com Bernardo. Os provedores querem uma redução no preço por megabit no atacado cobrado pela Telebrás, que é de R$ 230. O ministro sinalizou que, em breve, chamará a estatal para chegar a um acordo. Bernardo negocia ainda a assinatura de um convênio em que a companhia centralize a distribuição do serviço por fibras óticas. ¿Já conversei com o Edison Lobão (ministro de Minas e Energia) e ele já está preparando uma nota técnica sobre isso¿, revelou Bernardo.

1 bilhão de usuários

» O número de usuários de banda larga móvel no mundo deve superar 1 bilhão em 2011, poucos meses depois de terem atingido a marca dos 500 milhões, conforme projeções da Ericsson. Em comunicado oficial, a empresa afirma que o uso de computadores portáteis, celulares e de tablets impulsionará o uso do serviço neste ano. A região da Ásia representará a maior parte do número de usuários da tecnologia, cerca de 400 milhões, seguida pela América do Norte e pela Europa Ocidental, com mais de 200 milhões cada. Até 2015, a Ericsson aposta em um crescimento do número de usuários para 3,8 bilhões. Na avaliação da empresa, o tráfego de dados vai impulsionar as receitas das operadoras no mercado de telecomunicações. A consequência desse cenário serão os investimentos em redes e, num efeito cascata, o aumento dos ganhos dos fabricantes de equipamentos.