Título: Estudo defende a obra ecológica
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2007, Empresas, p. B8

O custo de construção ecológica é 300% inferior ao que se crê no Brasil e em boa parte do resto do mundo, sustenta o Conselho Mundial Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, sigla em inglês).

A entidade, reunindo 200 multinacionais que dizem apoiar projetos de combate as mudanças climáticas, divulgou ontem pesquisa junto a 1.400 pessoas em vários países, basicamente construtores, arquitetos, engenheiros e fabricantes de material.

Entre os brasileiros, a percepção é de que a construção sustentável ou ecológica seria 22% mais cara que a construção convencional - quando na realidade a diferença seria de 5%, três vezes menor, segundo a entidade.

A exemplo da média mundial, os brasileiros responderam que a emissão de gases de efeito estufa pelo setor de construção representaria 19% do total global, quando, segundo a entidade, na verdade é o dobro, 40%.

Além disso, 82% dos brasileiros participantes disseram estar consciente sobre a importância de construção ecológica, mas apenas 27% preocupados com a questão e somente 8% já se envolveram nesse tipo de projeto.

"O mal julgamento sobre custo e benefício de construção sustentável no Brasil é preocupante porque, como no resto do mundo, acaba dificultando projetos de eficiência energética", afirmou o sueco Christian Kornevall, diretor do projeto Eficiência Energética na Construção (EEC), que vê no estudo oportunidade de estimular globalmente o conhecimento e tecnologias para "construção verde".

O conceito de construir "verde" ou de maneira sustentável inclui reduzir consumo de energia, minimizar o uso de insumos, utilizar o máximo de material renovável ou reciclável nas edificações. A combinação de tecnologia existente com design mais respeitoso do meio-ambiente pode aumentar a eficiência energética em 35%, reduzir enormemente custos de aquecimento, ventilação, uso de agua quente e aumentar a durabilidade da residência, segundo os dois financiadores do estudo, a francesa Lafarge, um dos lideres globais na produção de cimento, concreto e gesso, e a americana United Technologies Corporation, com tecnologia e serviços para a indústria da construção.

O setor de construção representa 40% do uso primário de energia usada globalmente e o consumo energético na construção aumenta de maneira enorme nos países mais populosos e em rápida expansão econômica, como China e India. A China está construindo dois bilhões de metros quadrados por ano, equivalente a um terço da área construída no Japão. Significa que os chineses constroem o equivalente a um Japão a cada três anos.

Já a demanda de energia na construção no Brasil cresce, mas, segundo o estudo, continuará relativamente baixa em 2030 comparado as outras regiões.

De outro lado, crescem na Europa projetos estimulados pelos governos para reduzir dramaticamente o uso de energia. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown fixou o objetivo para que toda nova residência na Inglaterra seja neutra do ponto de vista de emissões de carbono, em 2016.