Título: Demanda mundial eleva preço das plataformas
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2007, Empresas, p. B8

Estrella, diretor da Petrobras, diz que forte crescimento mundial elevou preços de insumos como aço, equipamentos e serviços O crescimento da demanda mundial por projetos nas áreas de exploração e produção e a expansão da economia global nos últimos anos foram, segundo a Petrobras, os principais responsáveis pelo aumento de aproximadamente 30% nos custos de construção da plataforma P-54 da estatal, batizada ontem no estaleiro Mauá-Jurong, em Niterói (RJ). A previsão é de que a unidade atinja a produção máxima de 180 mil barris diários no primeiro semestre de 2008.

A P-54 foi inicialmente orçada em US$ 650 milhões e teve custo final de US$ 900 milhões, com 62% de conteúdo nacional. O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, explicou que o forte crescimento mundial elevou os preços de insumos como aço, equipamentos, serviços e salários.

O executivo frisou ainda que a elevação da demanda por insumos e equipamentos para o setor causou o atraso em relação ao prazo inicialmente previsto para a entrega da plataforma. O prazo de 33 meses originalmente esperado passou para 41 meses, já que a estrutura deve entrar em operação em outubro próximo, no campo de Roncador, na Bacia de Campos.

"Com a subida do preço do petróleo, todas as empresas foram ao mercado e os prazos tiveram de se ajustar", disse Estrella, ressaltando que os 41 meses decorridos entre a assinatura do contrato e a previsão da retirada do primeiro óleo estão abaixo da média mundial, que é de 46 a 52 meses para projetos semelhantes. "Colocamos sempre prazos desafiadores. Pusemos 33 meses e a plataforma saiu com atraso relativo de sete a oito meses. Mesmo assim, com esses índices, já melhoramos muito."

De acordo com o gerente executivo de exploração e produção Sul-Sudeste da empresa, José Antonio Figueiredo, o prazo de 41 meses é recorde em construções recentes encomendadas pela Petrobras. Segundo o executivo, a P-48 levou 51 meses do contrato ao primeiro óleo. A P-43 levou 48 meses e a P-50, 46 meses.

O presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmou que a empresa deve buscar os menores custos para cumprir o plano de investimentos que prevê US$ 65,1 bilhões para exploração e produção entre 2008 e 2012. O executivo mandou um recado claro ao afirmar que "não vamos fazer isso a qualquer preço, não vamos fazer isso a qualquer custo, mas da maneira mais eficiente possível."

"A decisão de fazer (os investimentos) está tomada, mas é preciso discutir os custos. Não podemos pagar acima do que consideramos razoável. Falamos já em P-59 e P-60, mas devemos discutir os custos de todos os tipos, operacionais e tributários. Vamos discutir até o limite para que esses custos sejam eficientes", ressaltou o presidente da Petrobras.

Guilherme Estrella também estimou que a estatal deve atingir, até o final deste ano, o pico de produção de 2 milhões de barris diários. Para isso, conta com a entrada em operação da P-54 - que no auge da capacidade produzirá 180 mil barris por dia -, da P-52, de Piranema (SE) e de Golfinho 2 (em Vitória-ES), para superar a marca prevista. Atualmente a produção da empresa oscila em torno de 1,8 milhão de barris por dia.