Título: Brasil fará pesos argentinos
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Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2011, Economia, p. 16

INTERNACIONAL Governo de Cristina Kirchner anuncia importação de 130 milhões de cédulas para contornar a escassez, que causa sérios transtornos A Argentina importará do Brasil um total de 130 milhões cédulas de 100 pesos (US$ 25), as de maior valor em circulação no país, para superar a falta de papel-moeda que se intensificou nos últimos dias. As dificuldades de obter dinheiro em espécie têm gerado longas filas nos caixas eletrônicos argentinos e o mau humor dos clientes bancários. Essa quantidade prevista inclui um aumento em 30 milhões de notas em relação aos 100 milhões adicionais, anunciou a presidente do Banco Central (BC), Mercedes Marcó del Pont, diante do agravamento da escassez verificada no último fim de semana.

Numa primeira etapa das compras internacionais de cédulas, já chegaram à Argentina cerca de 9 bilhões de pesos (90 milhões de notas de 100) e, para completar a encomenda, entrará mais 1 bilhão de pesos nos próximos dias. ¿Com essa provisão de notas, a situação de escassez será superada. Não voltaremos a repetir os episódios que tivemos que enfrentar em dezembro e janeiro¿, assegurou o vice-presidente do BC argentino, Miguel Angel Pesce, a uma rádio de Buenos Aires.

O governo de Cristina Kirchner, que assinou, em novembro, um convênio com a Casa da Moeda do Brasil para a impressão dos pesos, atribuiu a falta de papel-moeda ao maior nível de consumo da população, ao incremento dos serviços bancários e à forte demanda de dinheiro por causa das festas de fim de ano e das férias de verão. Economistas e políticos opositores consideram que se trata de uma ¿imprevidência¿ do BC e afirmam que o governo quer esfriar o consumo para controlar a alta inflação.

Um total de 113,131 bilhões de pesos (US$ 28,282 bilhões) em cédulas e moedas de diferentes valores estão em circulação na Argentina, segundo dados do BC de 31 de dezembro. A Casa da Moeda argentina, que possui máquinas e equipamentos dos anos 1970, tem uma capacidade de impressão entre 400 e 500 milhões de notas anuais de diferentes valores. A necessidade, contudo, é de 600 milhões a 700 milhões de moedas por ano.

Muitos dos caixas eletrônicos das principais cidades argentinas registram falta de notas desde o início de 2011. Nos que estão em funcionamento, os clientes sacam uma quantidade maior que a comum por medo de não conseguir repetir a operação nos dias seguintes. A diretora da consultoria Estudio Bein & Associados, Marina dal Poggetto, disse que o governo deve avaliar ¿o que tem maior custo político, se a percepção de que faltam cédulas ou criar uma nota de maior valor¿ que a de 100 pesos, o que significaria reconhecer uma inflação superior ao questionado índice oficial.

Corralito A inflação acumulada na Argentina entre janeiro e novembro de 2010 chegou a 10%, segundo o índice do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Mas, para os economistas privados, a taxa é mais do que o dobro. O deputado Francisco de Narváez, um dos líderes do peronismo crítico ao governo, disse que a escassez de notas representa o corralito de Cristina Kirchner ¿ a referência é ao confisco dos depósitos bancários feito pelo governo em 2001, durante a pior crise econômica do país.

¿Ao deixar de repor notas nos bancos, o governo fez com que as pessoas consumissem menos¿, afirmou Narváez. A Argentina registrou um crescimento econômico de 8,9% no período de janeiro a novembro de 2010. Com exceção da fraca expansão de 0,9% em 2009, seu Produto Interno Bruto (PIB) aumenta num ritmo semelhante desde 2003.

De cara nova O Brasil está mudando a face de sua moeda sem que, pela primeira vez, tenha que alterar seu nome ou cortar uma quantidade de zeros, ou em decorrência de um plano econômico. A nova família do real, como chama o Banco Central, tem cédulas de tamanhos diferentes para evitar fraudes e para facilitar a identificação por pessoas com deficiência visual. As primeiras notas a entrar em circulação foram as de R$ 50 e R$ 100. A meta do BC é de que, até o fim de 2014, todo o dinheiro em circulação no país esteja de cara nova.

China reage à acusação » Acusar a China de envolvimento no caso de espionagem industrial que afetou a montadora francesa Renault é ¿totalmente sem fundamento, irresponsável e inaceitável¿, declarou ontem Hong Lei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês. A Renault, vítima de espionagem sobre suas baterias para carros elétricos, mencionou ¿uma filial organizada internacional¿, mas o governo se negou a confirmar uma ¿hipótese chinesa¿ nas investigações. Segundo jornais franceses, o serviço secreto investiga o envolvimento da China ¿ os três executivos da Renault suspensos receberam dinheiro em troca de dados confidenciais sobre os equipamentos. Uma investigação interna da companhia concluiu que ela estava sendo vítima de ¿um sistema organizado de coleta de informações econômicas, tecnológicas e estratégicas em benefício de interesses estrangeiros¿.