Título: Empréstimo direcionado cai
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2005, Finanças, p. C2

Na contramão do mercado de crédito, os empréstimos direcionados perderam importância em 2004: sua participação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) recuou de 10,2% para 9,8%. Em reais, o volume total cresceu 10,1%, passando de R$ 163,121 bilhões para R$ 179,634 bilhões. O desempenho teria sido ainda mais tímido, não fosse o ano favorável no setor agropecuário. Os empréstimos rurais avançaram 23,1%, ajudando a puxar a média geral dos financiamentos com recursos direcionados. Já o segmento de habitação teve um avanço menor (4,7%) do que o crescimento do PIB nominal calculado pelo Banco Central para 2004 (15,4%). Com isso, sua participação em relação ao PIB caiu de 1,44% para 1,32%. A queda na representatividade dos financiamentos à habitação ocorreu em um ano em que o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou as regras do direcionamento obrigatório, fazendo os bancos a aplicarem volumes maiores. Os bancos privados direcionaram no ano mais R$ 2,8 bilhões, e estão tentando convencer o governo a afrouxar as regras que determinam uma maior aplicação de recursos a partir deste ano. Os empréstimos do BNDES avançaram em um ritmo relativamente lento - no total, cresceram 6,1%, passando de R$ 91,069 bilhões para R$ 96,599 bilhões entre dezembro de 2003 e 2004. Com isso, essas linhas perderam importância em relação ao PIB (de 5,69% para 5,26%). O crescimento mais forte foi nos empréstimos diretos, que aumentaram 10,3%, enquanto os repasses se expandiram 2,3%. O BC sustenta, porém, que as perspectivas dos empréstimos do BNDES são mais favoráveis para este ano. "As consultas (de empresários para a obtenção de financiamentos) realizadas ao BNDES alcançaram R$ 98,4 bilhões no ano, com desempenho 121% superior ao observado em 2003, sinalizando perspectivas favoráveis em relação aos futuros investimentos", afirma análise distribuída pelo BC. (AR)