Título: Banco Alfa capta US$ 40 mi no exterior
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2005, Finanças, p. C3

O Banco Alfa, do empresário Aloysio Faria, acaba de captar US$ 40 milhões no mercado internacional, em operação liderada pelo banco de capital português Finantia. Com a operação, o país já obteve US$ 1,13 bilhão no mercado internacional neste ano. "A janela de oportunidade continua aberta", afirmou Márcio Pepino, diretor do Finantia. Miguel Guiomar, diretor central do Finantia, disse, por telefone de Lisboa, que acredita que há espaço para o governo federal reabrir sua emissão em euros, de 500 milhões de euros com vencimento em dez anos, fechada na semana passada, por causa da demanda forte não atendida, evidenciada pela alta de preços. Os papéis do governo saíram com preço de 98,8% do valor de face no dia 20 de janeiro e ontem, cinco dias depois, já eram negociados a 101,30% do valor de face, um aumento de 2,5%. "É uma alta de preços considerável em um curto período de tempo", avaliou. Já o Banco Alfa lançou inicialmente US$ 35 milhões, mas acabou obtendo US$ 40 milhões em papéis com vencimento final em quatro anos e vencimento médio de dois anos - os títulos têm oito amortizações semestrais. O cupom, juro nominal, foi de 4,75% ao ano. Os papéis saíram a 100% do valor de face, com rendimento, portanto, igual ao cupom, de 4,75% ao ano. Guiomar explicou que os principais compradores foram os fundos de private banking, que reúnem os recursos das pessoas físicas ricas, e as tesourarias dos bancos, que responderam por 55% e 45% do total comprado, respectivamente. Os investidores portugueses tiveram participação importante, graças à atuação do Finantia - ficaram com 26% do total emitido, na comparação como os 11% dos suíços, 39% das contas de americanos fora do país, 10% do Reino Unido e 13% de brasileiros. Também investidores de Luxemburgo adquiriram os títulos do Banco Alfa. Pepino concorda que a elevação no cupom cambial, os juros dos investimentos em dólar no mercado interno, tornou as captações em dólar mais atrativas para os bancos - ao captar no mercado externo e aplicar em investimentos indexados ao dólar no país, os bancos não mais perdem dinheiro. "O fim da desarbitragem possibilitou a captação externa dos bancos", disse Pepino. Ele fez questão de ressaltar, no entanto, que o Banco Alfa captou os recursos para repasse aos clientes no mercado interno. "O banco vai trazer os recursos ao país", afirmou. Além do Alfa, o Banco Votorantim, o Banco Itaú e o Banco Cruzeiro do Sul já emitiram títulos no exterior neste ano. O Votorantim saiu na frente e lançou US$ 100 milhões. O Itaú veio logo em seguida e captou US$ 125 milhões. O Cruzeiro do Sul fechou anteontem operação de US$ 17 milhões, reabrindo o mercado externo para os bancos de médio porte. Desde que o Banco Central interveio no Banco Santos, no dia 12 de novembro do ano passado, os bancos médios e pequenos tinham ficado retraídos, sem captar no exterior. O Banco Industrial havia obtido US$ 6,8 milhões em dezembro, mas em operação restrita aos antigos compradores de seus papéis que venciam.