Título: Exportação ajuda menos e PIB cresce 4%
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2004, Brasil, p. A3

O Banco Central projeta em seu relatório de inflação um crescimento econômico de 4% em 2005, percentual um pouco menor do que os 5% projetados para este ano. A diferença deve-se, preponderantemente, à redução da contribuição prevista da demanda externa - leia-se exportações líquidas - para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB). Para o BC, o crescimento da economia já começou a desacelerar no último trimestre de 2004. Na margem, é esperado crescimento zero entre o terceiro e o quarto trimestres. Na comparação com o mesmo período de 2003, porém, haveria aumento do produto. Pela primeira vez, o BC divulgou como espera que o crescimento do PIB vá se comportar no ano seguinte do ponto de vista dos componentes da demanda. O consumo das famílias, item da demanda que dá maior sensação de conforto à população, deverá subir 3,8% em 2005, pouco menos que os 3,9% previstos para 2004. O consumo do governo deverá se expandir 1,6%, pouco acima do 1,5% previsto para este ano. A formação bruta de capital - ou seja, os investimentos - deverá variar positivamente 6,9%, abaixo dos 8% do corrente ano. A grande diferença será na demanda externa. As exportações devem crescer 11%, mas as importações, 13%. É a primeira vez, desde 2002, que as importações avançam em ritmo mais forte do que as exportações (em 2004, os índices projetados são de 15% e 17%, respectivamente). O crescimento do PIB se distribui da seguinte forma entre os componentes da demanda: o consumo das famílias dará uma contribuição de 2,2 pontos percentuais (p.p.); o consumo do governo, de 0,3 p.p.; e os investimentos, de 1,4 p.p.. Os números são semelhantes aos de 2004. A grande diferença está na demanda externa, com contribuição de 0,1 p.p. após 0,9 p.p. em 2004. A parcela do investimento cai de 1,6 para 1,4 p.p.. Não é a primeira vez que o BC prevê um papel menos relevante para a demanda externa no PIB. "Nas projeções para 2004, usamos esse mesmo cenário", afirma o diretor de política econômica do BC, Afonso Bevilaqua. "Mas nos surpreendemos com exportações bastante fortes." Do ponto de vista da oferta, a indústria é o setor com a desaceleração mais significativa no crescimento: a variação projetada em 2005 é de 4,8%, abaixo dos 6,2% de 2004. Ganha destaque a atividade extrativa mineral, principalmente petróleo, que deve crescer 6,4%, ante 2,8% em 2004. A agropecuária é o setor que menos desacelera: crescerá 4,2% ante os 4,8% de 2004. (AR)