Título: Leilão unificado atrai mais público e acelera Justiça
Autor: Salgado, Raquel e Watanabe, Marta
Fonte: Valor Econômico, 27/08/2007, Brasil, p. A4

Daniel Wainstein/Valor Wilma Abreu arrematou com R$ 1,2 mil um lote de 12 itens, que incluiu desde móveis a eletrodomésticos A nutricionista Wilma Abreu chegou na quarta-feira ao prédio da Justiça trabalhista em São Paulo com a curiosidade de quem vem a um leilão judicial pela primeira vez. Gastou R$ 1,2 mil e saiu com o auto de arrematação de um lote com 12 itens, entre móveis e eletrodomésticos, usados mas em bom estado. O lote foi avaliado pelo total de R$ 5,45 mil.

"Meu filho me pediu um ar-condicionado que custaria entre R$ 600 e R$ 800. Aqui eu gastei um pouco mais, mas levei outras coisas", diz Wilma. Entre as "outras coisas" estão um aparador em madeira de lei, um microondas, um lava-louças, uma lavadora de roupas, um freezer e uma geladeira. O que não servir para uso próprio, conta ela, irá para equipar o posto de gasolina do marido.

Wilma diz que essa foi apenas a sua primeira vez no leilão da Justiça trabalhista. Ela é mais uma num universo que atualmente ocupa entre 400 a 500 cadeiras no auditório onde é batido o martelo dos leilões unificados promovidos desde março pelo Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região, em São Paulo. Antes, quando os pregões eram feitos pelo próprio juiz em cada uma das 150 varas de trabalho, as mercadorias muitas vezes não eram adquiridas porque ninguém comparecia ao leilão.

Depois que os bens penhorados nas ações trabalhistas passaram a fazer parte de uma única hasta pública, com a contratação de leiloeiros profissionais, a taxa de efetividade dos pregões trabalhistas subiu de 10% para 60%, diz o juiz Wilson Pirotta. O índice leva em conta as arrematações e os pagamentos de débitos antes da oferta em leilão. A elevação do percentual permitiu a venda de 1.937 lotes ao total de R$ 84,43 milhões, uma média de R$ 43,59 mil por lote. Os bens são, em média, arrematados por 50% do valor de avaliação.

Wilma não é somente mais uma a engrossar o número de participantes nas hastas trabalhistas, mas, sem querer contribui para outro fenômeno: a mudança de perfil dos que oferecem seus lances. Freqüentados antes apenas por comerciantes especializados na compra e venda de bens arrematados, os pregões hoje atraem pessoas comuns atrás de bens para uso próprio.

A maior heterogeneidade e freqüência do público, diz o juiz, explica o aumento do índice de arrematação e dos pagamentos pelos empregadores. Antes, quando os pregões aconteciam separadamente em cada uma das varas, a divulgação era feita por publicações pulverizadas nos grossos cadernos do "Diário Oficial". "Por isso eram sempre as mesmas pessoas que participavam." Com a unificação, as hastas públicas passaram a ter uma publicação reunida no "Diário Oficial", além de divulgação mais ampla pelos leiloeiros contratados para presidir os pregões.