Título: Dados americanos positivos elevam otimismo
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Fonte: Valor Econômico, 27/08/2007, Internacional, p. A10

Indicadores sobre encomendas de bens duráveis e sobre a venda de casas novas nos EUA em julho surpreenderam os analistas e trouxeram um pouco de alívio depois de semanas seguidas de turbulências nos mercados financeiros. Os dados, divulgados na sexta-feira, tiveram um impacto positivo nas bolsas dos EUA.

Analistas estão otimistas em relação a um indicador previsto para ser divulgado esta semana sobre gastos do consumidor. Mas prevêem que um outro balanço, este sobre venda de casas usadas em julho, deverá apontar um recuo.

Os pedidos por bens duráveis subiram 5,9% em julho, depois da alta corrigida de 1,9% no mês anterior, informou ontem o Departamento de Comércio em Washington. O resultado superou as previsões. Excetuando-se equipamentos de transporte, como aviões, houve expansão de 3,7% das encomendas, a maior em quase dois anos.

O aumento das encomendas sugere que os gastos das empresas continuaram sendo o ponto alto da economia americana, antes da alta do custo do crédito para empresas e consumidores este mês.

O avanço da atividade industrial, estimulado pela queda dos estoques e pelo aumento das exportações, puxou a demanda para seu nível mais alto desde setembro. A expansão sinaliza que a economia ainda estava crescendo no início da turbulência dos mercados financeiros, ocorrida em agosto e que levou o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a reduzir sua taxa de redesconto para empréstimos aos bancos e a advertir que "os riscos ao crescimento aumentaram consideravelmente".

"Embora possa haver alguma redução desse impulso de expansão em agosto, estamos partindo de um ponto mais alto, e não mais baixo", disse Brian Bethune, economista da Global Insight. "Acho que isso não vai afetar o caminho em que nos encontramos, no sentido de que estamos ingressando num período em que o crescimento ainda será relativamente lento."

Além do relatório sobre indústria, na sexta-feira também foi divulgado um balanço das vendas de casas novas em julho. Segundo o Departamento de Comércio, as vendas subiram 2,8%, para uma taxa anual de 870 mil unidades. O aumento superou as expectativas e reverte a trajetória de dois meses de declínio nas vendas. O desempenho do setor ajudou a reduzir os estoques dos imóveis residenciais.

Em relação aos dois dados previstos para saírem esta semana, um deles gastos dos consumidores em julho, analistas ouvidos pela agência Bloomberg estimam que houve um avanço de 0,3%, três vezes maior que o de junho. Mas as previsões são ruins para a venda de casas usadas. A expectativa é que o número de unidades vendidas tenha caído para a taxa anual de 5,7 milhões, a menor marca desde outubro de 2002.