Título: Preço agrícola deve subir
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Fonte: Valor Econômico, 27/08/2007, Agronegócio, p. B14

Os preços de produtos agrícolas no atacado devem continuar em alta no mercado interno nas próximas semanas e deverão contribuir para o aumento da inflação no país, de acordo com a RC Consultores. O índice da RC Consultores, que analisa o comportamento dos preços de uma cesta de 17 produtos agrícolas no atacado paulista, registrou alta de 1,1% na semana encerrada no dia 23 de agosto, em comparação à semana anterior. No mês, o índice registra alta de 7% em relação a julho e de 25,5% em comparação com agosto de 2006.

De acordo com o levantamento, na última semana analisada, houve aumento nos preços de arroz (15,5%), milho (5,6%), trigo (3,5%), soja (2,9%), feijão (0,4%) e algodão (0,1%). Por outro lado, houve queda nos preços de carne bovina (0,5%), ovos (0,8%), açúcar (1,6%), laranja (10,4%), tomate (15,1%) e batata (16,1%). Já os preços de leite C, café, frango e carne suína permaneceram estáveis no período.

Segundo Fabio Silveira, economista da RC Consultores, o aumento nos preços agrícolas decorre de um conjunto de fatores, entre eles a entressafra do arroz e da pecuária de corte e leite.

Levantamento da Scot Consultoria mostra que o preço médio do traseiro bovino em agosto (até o dia 23) ficou em R$ 4,88 o quilo no atacado, o maior patamar desde que o acompanhamento começou em 1996. Comparando a média de agosto deste ano com a do mesmo mês de 2006, a valorização é de 16,8%. De acordo com Leonardo Alencar, da Scot, o atacado subiu por conta da oferta enxuta de gado bovino para abate. "A oferta melhorou um pouco, com a entrada de boi de confinamento, mas não o suficiente para que os frigoríficos alongassem as escalas e normalizassem o volume diário de abate".

Silveira observa que a alta de insumos para ração também influencia os preços da carne. "A valorização nos preços internacionais do milho nos últimos meses não foi totalmente repassada no mercado doméstico e, com o aumento das exportações e redução da oferta, os preços do milho seguem em alta", acrescenta.

Do lado da demanda, a melhora na renda dos brasileiros gerou aumento do consumo de alimentos, o que também sustenta os preços. "Os preços no atacado devem seguir em alta pelo menos até outubro, quando se inicia a safra do boi", diz Silveira. A alta no atacado provocará valorização nos preços também no varejo, devendo elevar a inflação no país, prevê. (Cibelle Bouças e Alda do Amaral Rocha)