Título: Cade sela hoje fim do code-share entre Varig e TAM
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Brasil, p. A2

Uma reunião hoje, convocada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), selará o fim do compartilhamento de vôos entre a Varig e a TAM, em vigor há dois anos. O Cade já informou às duas empresas que suspenderá o chamado code-share por considerá-lo um cartel, e a determinação pode ser anunciada hoje. O encontro, que ocorre às 15h, foi convocado pelo relator do processo, o conselheiro Luiz Carlos Prado. Nele, segundo fontes consultadas pelo Valor, já serão negociados os critérios para a suspensão do code-share e não mais a sua continuidade. Hoje, mais de 60% dos vôos domésticos das duas empresas são compartilhados e seria inviável mudar isso do dia para a noite. Tudo ocorrerá em etapas, lentamente, dentro de um prazo total de 90 dias, disseram as fontes. Até a noite de ontem, TAM e Varig não haviam chegado a um acordo entre si sobre as condições desse "desmonte". Isso porque, enquanto a TAM torce pelo fim do compartilhamento, a Varig gostaria de mantê-lo. Assim, a TAM quer que tudo aconteça no menor prazo, enquanto a Varig gostaria de prolongar o processo. As conversas entre elas serão retomadas na manhã de hoje. A avaliação do Cade é que, sem o contexto de uma associação entre Varig e TAM, o code-share deixa de fazer sentido. E tanto uma empresa como a outra tem dado todos os sinais de que optou por trilhar caminho solo. Mesmo o plano de recuperação da Varig, pilotado pelo Unibanco, não parece contemplar associação com a TAM. A TAM vem se preparando para o fim do compartilhamento com a ampliação de sua frota. No fim do ano, o presidente da companhia, Marco Antonio Bologna, disse que a empresa resolveu trazer três Airbus A-320 em 2005. Antes, a idéia era importar apenas uma dessas aeronaves. Além disso, a TAM receberá um novo A-330, para vôos internacionais. Outro A-330, que está sublocado, retornará para a sua frota. O rompimento do compartilhamento causa mais preocupação na Varig, por causa da situação mais frágil da empresa. A avaliação é que a companhia seria mais prejudicada do que a concorrente. Justamente num momento em que a Varig conta com o apoio do governo para lançar um plano de reestruturação, o fim do code-share é muito indesejável, pois seria um novo complicador. Inevitavelmente, a taxa de ocupação das aeronaves de ambas empresas tende a cair significativamente, porque elas vão competir pelos horários de pico de cada rota. Os horários menos nobres, por outro lado, devem ficar desatendidos, pois não haverá aeronaves para tudo. Ou seja, o passageiro terá menos opções. A consequência financeira será queda das margens ou até prejuízo em algumas rotas.