Título: Para AEB, venda pode passar de US$ 8 bi
Autor: Marília de Camargo César e Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Brasil, p. A3

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê receita adicional de cerca de US$ 2 bilhões com as exportações de minério de ferro neste ano, caso a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) consiga reajustar em 90% o preço do produto, conforme proposto pela empresa às siderúrgicas. José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, previu que as exportações de minério de ferro podem superar os US$ 8 bilhões em 2005, com alta de 33% em relação à projeção inicial da entidade, feita antes do anúncio da proposta da Vale. A AEB estimava, inicialmente, receita de US$ 6 bilhões com as exportações de minério de ferro neste ano, o que representaria aumento de 25,3% sobre os US$ 4,8 bilhões obtidos com a exportação do produto em 2004. Castro calcula que se a Vale conseguir obter o reajuste pleiteado, o preço médio do minério de exportação, neste ano, poderá ficar acima de US$ 30 por tonelada, com alta de quase 50% sobre o preço médio (considerando todos os tipos de minério) de 2004, de US$ 21,8 por tonelada. A projeção da AEB considera ainda que o Brasil exportará cerca de 240 milhões de toneladas de minério de ferro neste ano, ante 214 milhões de toneladas em 2004. Nas suas projeções, a AEB estimou que as exportações de laminados planos de aço poderiam totalizar US$ 2,25 bilhões em 2005, com alta de 13,6% sobre os US$ 1,98 bilhão de 2004. As estimativas iniciais da AEB, feitas antes da proposta da Vale, previam preços médios de US$ 750 por tonelada para os laminados em 2005, com alta de 31% sobre o preço médio dessa categoria de produto em 2004, de US$ 573 por tonelada. Para os semimanufaturados de ferro e aço, que incluem itens como as placas, a AEB projetou exportações de US$ 2,3 bilhões em 2005, com alta de 8% sobre 2004. A perspectiva de que as siderúrgicas repassem parte da alta do minério para os preços do aço leva a AEB a projetar que a receita de exportação dos semimanufaturados de ferro e aço supere o previsto. Castro também estimou que, se os aumentos se estenderem ao longo da cadeia, empresas que exportam aço de forma indireta, como as indústrias automobilística, de autopeças e de linha branca, poderão enfrentar dificuldades na exportação. "As empresas poderão perder competitividade para exportar ou até mesmo exportar com prejuízo para não perder os clientes no exterior", argumentou. Fonte do setor siderúrgico indicou que a proposta de reajuste de 90% nos preços do minério de ferro feita pela Vale não deve afetar a projeção da indústria de direcionar maior volume de aço para atender a demanda do mercado interno em 2005, o que implicará redução das exportações. A fonte avaliou que a receita com as vendas externas poderá ser maior ou menor dependendo do comportamento dos preços do aço no mercado internacional. Em 2005, a siderurgia brasileira deverá exportar US$ 4,9 bilhões, com queda de 2% sobre os US$ 5 bilhões de 2004.