Título: Tucanos adiam campanha presidencial e abrem alternativas a Alckmin
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Política, p. A5

A escolha do candidato do PSDB para disputar a Presidência deverá ser feita apenas entre novembro deste ano e janeiro do próximo. O calendário acertado entre os principais dirigentes do partido é um sinal de que mudou a estratégia da sigla. A idéia inicial, divulgada após as eleições municipais, quando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, emergia como o virtual candidato, era definir a candidatura em julho. Ao decidir partir para o ataque contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 e definir o nome no fim do ano, o PSDB concede tempo para que alternativas a Alckmin se viabilizem. O leque de postulantes está se abrindo. "O PSDB é o partido que tem o maior número de possíveis candidatos e isto é uma coisa boa", afirmou o prefeito de São Paulo, José Serra, após a reunião de ontem da Executiva. Além de Alckmin, estão no páreo o governador mineiro, Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (CE). Em reserva, aliados do prefeito afirmaram no fim do encontro que Serra voltou à lista de presidenciáveis. Dois fatores mudaram o cenário. O primeiro é que os tucanos avaliam que a curva ascendente de crescimento e descendente de desemprego que Lula conseguiu ao longo de 2004 talvez não se mantenha. Assim, a reeleição estaria correndo risco. O cenário aumenta a disputa interna. Lula mantendo-se como está hoje, com popularidade sólida, remove FHC, Serra e Aécio da relação. Alckmin só não seria candidato se não quisesse. O segundo fator foi uma pesquisa de opinião divulgada que mostrou Alckmin, Fernando Henrique e Aécio com dificuldades em se consolidar no segundo lugar, enquanto Serra não só se apresenta mais forte como aparece impedindo uma vitória de Lula já no primeiro turno. Se o prefeito paulistano seguir tão à frente dos demais, haverá um movimento de seus aliados para lançá-lo. Um dos maiores aliados de Serra dentro do PSDB, o deputado Eduardo Paes (RJ), apresentou uma emenda constitucional pelo fim da desincompatibilização para quem exerce cargo eletivo. Assim, Serra poderia concorrer sem renunciar à prefeitura. O mesmo valeria para Cesar Maia, o prefeito do Rio, presidenciável pelo PFL. Em tese enfraquecido, Alckmin jamais colocou-se abertamente como candidato, nem mesmo nas reuniões partidárias. E ontem disse que concorda com o adiamento da definição - "2005 não é um ano eleitoral. Acredito que poderá haver definição no final do ano". Aliado de Aécio, o presidente em exercício do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), chegou a dizer que a definição das candidaturas estaduais precisaria anteceder a nacional. A ordem convém a Aécio. Ao contrário de Alckmin, o mineiro joga com duas opções: a tentativa de se reeleger em Minas ou a aventura presidencial. Caso tivesse que se posicionar em meados deste ano, teria que abrir a sucessão no Estado. (CF)