Título: BNDES negocia com BID US$ 1 bi para microempresas
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2007, Brasil, p. A2

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) negocia com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a concessão de um empréstimo de US$ 1 bilhão para o programa de apoio a micro, pequenas e médias empresas. A informação foi dada ontem pelo presidente da instituição, Luciano Coutinho, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele anunciou ainda a intenção de abrir uma linha para financiar a geração de energia a partir da biomassa e informou que, até o fim de julho, o BNDES assinou 43 contratos de crédito no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Além dessas, que somam R$ 11,86 bilhões, outras 20 operações do PAC, de R$ 6,396 bilhões no total, já foram aprovadas e estão na iminência de ser contratadas, disse Coutinho. Mas a participação do BNDES no programa não se limitará a isso. Outros oito pedidos de financiamento, no montante de R$ 1,03 bilhão, já estão sob análise e 25 que aguardam início de análise já tiveram o respectivo projeto enquadrado no programa.

Somando tudo isso, a carteira de projetos com carimbo do PAC no BNDES chega a R$ 27,88 bilhões e envolve 96 projetos de investimento, destacou Coutinho. A maior parte é da área de energia, tanto em valores (R$ 20,7 bilhões) quando em número de operações (70). Em segundo, vêm os investimentos em logística, que, embora sejam apenas sete, demandam R$ 5,841 bilhões em crédito. Os demais projetos, em áreas como saneamento, habitação e desenvolvimento urbano, por sua vez, são 19 e requerem do banco R$ 1,346 bilhão em financiamentos.

Conforme Coutinho, há ainda uma lista de 42 projetos com perspectiva de entrar no PAC e que demandam R$ 30,29 bilhões. Se entrarem, o BNDES ficará responsável pelo financiamento de 138 projetos do programa, no valor de R$ 58,176 bilhões. Os projetos do PAC incluídos na carteira do banco são de médio e longo prazo. Um exemplo é a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, cujo prazo de implantação vai até 2013. O projeto está orçado em R$ 8,5 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões financiados pelo BNDES. Outro exemplo citado por Coutinho é o do gasoduto de 380 quilômetros de extensão no Amazonas, ligando Coari a Manaus. Dos R$ 2,5 bilhões a serem investidos na obra, cujo prazo de conclusão vai até meados de 2008, o banco financiará R$ 1,9 bilhão.

Coutinho também deu aos senadores informações sobre as linhas do banco para micro, pequenas e médias empresas. O número dessas operações, que alcançou 49 mil em 2006, deve ficar entre 75 mil e 80 mil em 2007. Quanto ao fluxo financeiro, que chegou a R$ 8,1 bilhões em 2006, a expectativa é de que cresça para R$ 10 bilhões.

Desde 2005, dois empréstimos, de US$ 1 bilhão cada, já foram tomados pelo BNDES no BID, organismo multilateral de crédito, com objetivo de levantar recursos baratos. Um terceiro, de igual montante, será fechado no início de 2008. Para tanto, um novo pedido de autorização será feito pelo governo à CAE, a quem são submetidas as decisões de endividamento externo do setor público. As taxas de juros do BNDES variam de acordo com a avaliação de risco de cada tomador. Mas são sempre inferiores às dos bancos comerciais, mesmo os públicos.

Coutinho reiterou a disposição que já havia sido manifestada pelo BNDES de viabilizar a licitação das usinas do Rio Madeira. Segundo ele, o banco pode ajudar, por exemplo, oferecendo crédito ao consórcio vencedor.