Título: Mesmo sendo tema esquecido, pobreza diminui nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 29/08/2007, Internacional, p. A13

A taxa de pobreza nos EUA recuou no ano passado, na primeira queda significativa desde que o presidente George W. Bush assumiu o cargo. O Censo informou que 36,5 milhões de americanos, ou 12,3% da população, viviam em condição de pobreza no ano passado, ante os 12,6% de 2005.

A renda familiar mediana foi de US$ 48,2 mil, um ligeiro aumento na comparação com o ano anterior. O número de pessoas sem seguro-saúde também aumentou, para 47 milhões.

A última retração significativa na taxa de pobreza ocorreu em 2000, durante o governo de Bill Clinton. Em 2005, a taxa de pobreza diminuiu de 12,7% para 12,6%, mas as autoridades do Censo disseram que a mudança era estatisticamente insignificante.

Os números sobre a pobreza representam uma boa notícia econômica, num momento em que os mercados financeiros estão sendo desconcertados por um mercado habitacional em forte queda. Os números porém, representam as condições econômicas do ano passado. A taxa de pobreza é a medida oficial usada para determinar a qualificação para benefícios federais em saúde, habitação, alimentação e assistência à infância. Ela difere de acordo com o tamanho e a composição da família. Para uma família de quatro membros com duas crianças, por exemplo, o nível de pobreza é de renda anual de US$ 20,4 mil. A taxa de pobreza - a porcentagem de pessoas que subsistem abaixo do nível de pobreza - ajuda a moldar o debate em torno da saúde da economia de um país.

O relatório sobre a pobreza surge após cinco anos de uma recuperação econômica desigual, e bem no meio de uma campanha presidencial que ainda se estenderá por 14 meses. A pobreza não tem sido um tema de destaque na campanha. "Os pobres são politicamente mudos", disse Larry Jacobs, cientista político da Universidade de Minnesota. "Que político racional daria ouvidos aos pobres? Eles não votam, não assinam cheques, para que se preocupar?"

O democrata John Edwards transformou o combate à pobreza no eixo da sua campanha. Jacobs observou, porém, que "ele está se debatendo para angariar fundos e está atrás nas pesquisas de intenção de voto".

Evelyn Brodkin, cientista política da Universidade de Chicago, espera que o crescente número de pessoas sem seguro receba mais atenção na campanha.

A parcela de americanos sem seguro-saúde atingiu 15,8% no ano passado, numa alta ante os 15,3% sem seguro no ano anterior. O aumento na porcentagem de não segurados foi na sua maior parte alimentada por uma queda na cobertura de saúde fornecida pelo empregador, disse Johnson.

"Esse aumento afeta as pessoas situadas no meio, e também as empresas", disse Brodkin.

Lyndon Johnson foi o último presidente a lançar uma iniciativa de vulto dirigida à erradicação da pobreza, disse Sheldon Danziger, co-diretor do Centro [de Estudos da] Pobreza Nacional na Universidade de Michigan.