Título: Setor financeiro prevê bons resultados com diversificação de receita
Autor: Assis Moreira De Davos, Suíça
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Especial, p. A9

O setor financeiro internacional, avaliado em US$ 7,5 trilhões, deve crescer o triplo da taxa de expansão da economia este ano, segundo relatório da empresa de consultoria financeira Mercer Oliver Wyman, divulgado ontem na Suíça. As previsões de diferentes institutos são de que a economia global crescerá cerca de 4%. Presidentes-executivos de bancos, seguradoras e outros prestadores de serviços financeiros se apóiam no crescimento orgânico e em novas fusões e aquisições, inclusive na America Latina, para aumentar os lucros em 2005. O relatório mostra que executivos do setor estão este ano mudando seu foco, de eficiência de custos para a busca de novas fontes de receita. Nos últimos cinco anos houve significativa migração de "valor de mercado" da Europa para a América do Norte, e ainda de grupos diversificados (categoria de instituições que operam tanto banco como seguradora, como Citigroup e Allianz) para os bancos de varejo. Em 2004, a indústria financeira global cresceu 19% e os lucros aumentaram 24%. A eficiência melhorou, derrubando em três pontos percentuais a proporção custo-lucro. A qualidade do credito permanece forte, com melhor gestão de riscos, segundo o relatório. As ações das empresas financeiras indicam, em todo caso, que as oportunidades de crescimento estão ficando raras. O setor bancário dos EUA ganhou mais de US$ 100 bilhões em 2004, um recorde. Ao mesmo tempo, os bancos retornaram mais capital do que nunca aos acionistas, ao invés de investir para crescer. Os bancos europeus obtiveram lucro de ? 47 bilhões no ano passado. Na dura competição por novas receitas, o setor financeiro aposta nos EUA, por exemplo, no rápido crescimento da população de origem hispânica. Esse grupo está acumulando riqueza duas vezes mais rápido que a média nacional americana, que é baixa por causa do consumo. O Bank of America obteve até agora boa parte dessa clientela. O relatório nota que há ainda espaço para genuína expansão com inovação de serviços. Exemplifica com o caso do mercado de derivados, que agora gera receita anual de US$ 50 bilhões. Para 2005, os executivos indicam que não só o crescimento orgânico está no topo da agenda, mas também o interesse por fusões e aquisições (citado por 20%, contra menos de 5% no ano passado). Ásia e América do Norte sao consideradas as maiores oportunidades para expansão fora dos mercados domésticos. Na análise setorial, o relatório mostra que os bancos de investimentos geraram os menores lucros em 2004 e que os desafios continuarão fortes em 2005. Os bancos de varejo mantém consistentes resultados. No caso das instituições financeiras diversificadas, continuou o desempenho ruim. Por sua vez, as seguradoras estão voltando a ter lucros. Para a Mercer, depois de gerar ganhos recordes, os bancos comerciais nos EUA estão supercapitalizados. E isso vai provavelmente prolongar a atual onda de consolidação, apesar de crescente ceticismo sobre o resultado desse tipo de aquisições. Na Europa, o estudo destaca a necessidade de mais reestruturação na Alemanha e na Itália. Pode crescer ainda o número de bancos comprando concorrentes menores em outros mercados europeus. O maior interesse dos grandes grupos financeiros continua sendo a Ásia. Em 2004, o Citigroup aumentou sua receita em 49% na região graças a aquisições na Coréia do Sul e expansão na Índia. Embora se reconheça "significativos riscos" para operar em mercados como o da China, existe forte interesse por uma futura privatização de dois grandes bancos chineses. Na Austrália e Nova Zelândia, o relatório mostra crescimento menor e margens em declínio. (AM)