Título: Brasil e Argentina podem construir usinas
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2007, Brasil, p. A4

Brasil e Argentina voltaram a discutir a realização de projetos hidrelétricos binacionais na região de fronteira. A expectativa do governo brasileiro é de que em 30 meses esteja pronto um estudo de viabilidade completo sobre a área que abrange o Rio Uruguai, entre o Rio Grande do Sul e a província de Missiones. O prazo foi determinado na última reunião da Comissão Mista Brasil-Argentina, quando os ministros dos dois países pediram o reinventário de estudos elaborados nos anos 80, ocasião em que os dois países firmaram tratado para explorar o potencial hidrelétrico na fronteira.

De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, a Eletrobrás, pelo lado brasileiro, e a Ibiza, pelo lado argentino, se comprometeram a fazer o reinventário do Rio Uruguai, para determinar o potencial hidrelétrico.

Pelo estudo original, havia a possibilidade de construção de três usinas: Garabi, Roncador e São Pedro. Originalmente, Garabi geraria 1.800 MW. "No caso de Garabi, com os estudos prontos tomaremos uma decisão daqui a 30 meses: fazer uma usina binacional ou não", disse Zimmermann, que participou ontem do 2º Seminário de Energia Elétrica e crescimento, organizado pela FGV Projetos.

Além dos projetos binacionais, o governo também investe no aumento da participação da geração hidrelétrica nos futuros leilões de energia, como forma de evitar a ampliação excessiva das térmicas na matriz brasileira. Zimmermann afirmou que o ideal é fazer a hidroeletricidade responder por cerca de 70% nos próximos leilões. Segundo o secretário, essa participação ficou pouco acima dos 30% nos últimos pregões.

Para o leilão de 2008, a expectativa de Zimmermann é lançar a usina de Jirau, no Rio Madeira, que terá capacidade de gerar 3.200 MW e já tem licença prévia. Em 2009 será a vez de Belo Monte, no Xingu, cuja primeira parte da obra disponibilizará 5.500 MW - com capacidade total de geração de 11 mil MW -, e em 2010 a previsão é de que o leilão conte com a usina de São Luís do Tapajós.

Ele acredita que as estatais estarão aptas a compor consórcios para o leilão da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, marcado para o dia 30 de outubro, já que a Aneel liberou edital para consulta pública sem a restrição de 20% à participação de estatais, construtoras e fornecedores de material. A previsão é de que a usina gere 3.168 MW a partir de 2013.