Título: Interesses do Brasil no país também crescem
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Fonte: Valor Econômico, 24/08/2007, Internacional, p. A13

Os interesses brasileiros em Angola cresceram nos últimos anos. As linhas de créditos passaram de US$ 475 milhões, em 2005, para mais de US$ 750 milhões, financiados em três anos - até 2008, segundo o governo brasileiro.

As relações comerciais também vêm aumentando e, segundo o Ministério do Planejamento brasileiro, isso ocorre graças sobretudo "às facilidades financeiras colocadas à disposição pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e por meio do BNDES".

O ministro das Finanças angolano esteve em Brasília no início do mês para pedir uma ampliação dessas linhas de crédito para algo em torno de US$ 1,3 bilhão para o próximo triênio.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, o comércio bilateral duplicou em 2006, em relação a 2005. As trocas comerciais entre os dois países atingiram mais de US$ 1 bilhão, contra cerca de US$ 500 milhões em 2005. As importações brasileiras de Angola cresceram de US$ 120 mil para US$ 464 milhões, impulsionadas sobretudo pelo petróleo.

A principais empresas brasileiras a atuar do outro lado do Atlântico são Odebrecht, Vale do Rio Doce e Furnas. Além do setor do setor de construção - a empresa participou da obra da principal hidrelétrica do país -, a Odebrecht investe em mineração e em desenvolvimento imobiliário, área em expansão. O governo de orientação socialista do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) só passou a admitir a propriedade privada no início da década.

Aproveitando-se da grande procura de executivos estrangeiros, principalmente da área de petróleo, e de autoridades do país que começaram a enriquecer, a empresa brasileira começou a investir em condomínios fechados, no mesmo estilo dos que podem ser encontrados no Brasil.

"Essa é uma área quente. A situação dos imóveis em Luanda é terrível", disse ao Valor um diplomata brasileiro que pediu para não ser identificado.

Depois que os portugueses foram embora, em 1974, o governo comunista revolucionário que assumiu a capital permitiu a invasão de todos os prédios da cidade e muitas das famílias estão nesses imóveis até hoje. O problema é que a manutenção dos edifícios foi se precarizando - em muitos deles, o poço do elevador acabou se tornando depósito de lixo do prédio, com os problemas sanitários que isso implica.