Título: Petrobras destaca-se em governança
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Empresas &, p. B3

A Petrobras foi considerada a empresa de petróleo com as melhores políticas de ética, transparência e governança da América Latina, segundo estudo da empresa hispano-alemã Management&Excellence, especializada em ratings de ética. O trabalho, que está sendo concluído, analisou dez das principais empresas de petróleo do mundo. "Além de ser a melhor avaliada da América Latina, a Petrobras deve alcançar uma nota média maior que as empresas da Espanha (Repsol YPF), Rússia (Lukoil) e França (Total Fina)", diz o diretor da M&E, William Cox. "No entanto, as empresas dos Estados Unidos (ExxonMobil e ChevronTexaco ) e da Inglaterra (BP e Shell) ainda têm pontuação bem superior à da brasileira." A Petrobras alcançou um percentual 52,8% num total de 100% dentro de 12 quesitos divididos em cinco grandes temas: ética, responsabilidade social, meio ambiente, governança corporativa e transparência. A mexicana Pemex teve 35,4% e a venezuelana PDVSA foi a pior classificada, com 13,2%. Segundo Cox, por ser uma companhia aberta e listada em outros mercados de ações, a Petrobras apresenta grandes diferenciais na América Latina nas áreas de relação com investidores e governança. A nota mais alta alcançada pela companhia brasileira foi apurada no quesito relações com investidores, onde a empresa obteve 80%. Para Cox, no entanto, o ponto mais forte da empresa na comparação global é na área de fornecedores e terceirizados. "Esta é uma área onde as companhias de petróleo são muito frágeis e a Petrobras alcançou uma nota de 65%, que provavelmente será a maior de todas as dez empresas analisadas neste quesito." O interesse específico da M&E nas empresas do setor de petróleo é detectar riscos ocultos para o investidor. "Nesse setor, a ética, a governança e as políticas de meio ambiente são ainda mais importantes do que em outras atividades, porque uma política frágil pode gerar sérios riscos de acidentes que causam muitos prejuízos para a companhia", explica Cox. Durante o estudo, os analistas da M&E concluíram ainda que os grandes acidentes contribuíram fortemente para que as companhias adotassem fortes políticas de proteção. "Isso ocorreu com a própria Petrobras, que investiu bilhões na modernização de equipamentos, por exemplo." Na avaliação de Cox, os progressos feitos pela Petrobras nos últimos anos foram essenciais para que ela possa crescer por meio de aquisições. "Veja, por exemplo, a compra da Agip pela BR, que transcorreu tranqüilamente, sendo que o governo italiano costuma ter uma política de proteção forte em aquisições por grupos estrangeiros. Se a empresa não tivesse uma boa imagem e boas práticas, poderiam ter ocorrido entraves", avalia. Por ouro lado, o estudo aponta que os pontos mais fracos da empresa estão nas relações com os funcionários, com os competidores e na comunicação. Também o código de ética poderia ser melhorado. "A falta de informação disponível ainda é muito grande nas companhias da América Latina."