Título: Classe média volta a gastar mais
Autor: Bispo, Tainã
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2007, Empresas, p. B4

O volume de alimentos, bebidas, produtos de limpeza para casa e higiene pessoal consumido pelos brasileiros aumentou 6% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2006. Em valores gastos, o aumento foi de 11%, segundo pesquisa divulgada ontem pela Latin Panel. A classe média, com renda familiar mensal de quatro a dez salários mínimos, foi um impulso importante no período.

O consumidor da classe C, que equivale a 33% da população, aumentou o número de idas ao ponto de venda em 6% e o gasto médio em 7%, percentuais maiores do que os apresentados pelas outras classes sociais. "O destaque foi a classe média, que está retomando o consumo por sentir uma situação econômica mais favorável", afirma Maria Andréa Ferreira, coordenadora da pesquisa Painel de Consumidores da Latin Panel.

A pesquisa mostrou o crescimento da demanda por produtos prontos e de maior valor agregado, como bebidas a base de soja, cujo volume médio de vendas cresceu 25%, e de sucos prontos, que teve aumento de 16% no primeiro semestre.

Maria Andréa explica que esse crescimento deveu-se a dois motivos. "O consumidor está buscando praticidade, mesmo que tenha que comprar produtos mais caros. Esse é um movimento bem generalizado nas classes sociais", diz. "Além disso, o preço médio de café, leite e pão cresceu acima da inflação, fazendo com que o consumidor substituísse esse itens por sucos prontos e iogurtes." O IPCA, índice oficial da inflação, subiu 2,9% de janeiro a junho deste ano.

O aumento do volume de sucos prontos e bebidas teria influenciado até o segmento de água mineral, cujo volume de vendas apresentou queda de 8%. "É uma hipótese para justificar essa queda", disse a pesquisadora.

Outra mudança indicada por Maria Andréa é a "retomada do auto-serviço", ou dos supermercados. Nos primeiros seis meses deste ano, esse canal do varejo (independentemente do tamanho) teve participação no valor total das vendas de 59%. No primeiro semestre dos dois últimos anos, essa fatia havia sido de 57%. "Foram desenvolvidas formas de atrair o consumidor, como aumentar o número de caixas, melhorar o atendimento, oferecer outros serviços, como lojas de drogaria e posto de gasolina (dentro dos supermercados)", disse. "Tudo isso influenciou para a volta do consumidor ao auto-serviço."Armazéns e lojas de balcão, como padarias, ficaram com 30% do valor das vendas. No primeiro semestre de2007, essa fatia foi um pouco maior, de 32%.