Título: Advogados começam a traçar estratégias para evitar
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 28/08/2007, Política, p. A6

Advogados dos envolvidos no esquema do mensalão já começaram a montar suas estratégias para que os clientes não sejam condenados pelos processos abertos ontem no Supremo.

Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado de Roberto Jefferson - que será processado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, disse que tentará mostrar que seu cliente não é servidor público. "Não entendemos que ele é servidor público, nem qual o ato de ofício que ele teria praticado ou deixado de praticar como tal." Segundo Barbosa, Jefferson não poderia ter sido processado por lavagem de dinheiro, porque a lei sobre o crime diz respeito à origem do dinheiro, enquanto no caso do seu cliente, as acusações tratam de sua destinação final.

Délio Lins e Silva, advogado de Jacinto Lamas e do irmão, Antônio Lamas, disse ter visto com certa "surpresa" e "exagero" a abertura de processo penal contra seus clientes. Jacinto responderá pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, enquanto Antônio será processado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Para o advogado, a decisão do STF foi "fora de propósito". "No caso de Antônio, então, é exageradíssimo. Ele foi apenas uma vez a um banco para cumprir ordens", disse. "Eles são apenas funcionários, e é muito estranho pensar em quadrilha. Quadrilha de dois não existe."

Segundo o advogado do deputado Pedro Henry (PP-MT) (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha), José Antônio Duarte, a linha de defesa a ser adotada será a mesma que já livrou o parlamentar da cassação do mandato no Conselho de Ética da Câmara. "Conseguiremos provar a ausência total de provas contra meu cliente", disse. "Tinha esperanças de que as denúncias contra o deputado fossem rejeitadas. Mas, neste julgamento, o menor indício, o menor sinal de fumaça, foi suficiente para a abertura do processo".

Marcelo Leal, advogado do ex-presidente do PP Pedro Corrêa e do ex-deputado José Janene (PP-PR) - processados por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, não quis comentar a decisão. José Janene, no entanto, disse encarar com "naturalidade" a aceitação, pelo STF, das denúncias contra ele.

Na sexta-feira, o ex-ministro Luiz Gushiken também soltou nota sobre a aceitação da denúncia de peculato. Gushiken esclarece, "que nunca autorizei ou participei de qualquer desmando na gestão das verbas destinadas pelo Banco do Brasil ao Fundo Visanet".

Ele afirma estar com a consciência tranqüila: "Não participei de esquemas ou quadrilhas, não favoreci o desvio de recursos públicos e não descuidei de minhas obrigações legais". (Com agências noticiosas)