Título: Investimento direto soma US$ 3,5 bi
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Fonte: Valor Econômico, 24/08/2007, Finanças, p. C6

Os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 3,584 bilhões em julho, confirmando a tendência de expansão observada nos meses anteriores. O grande destaque na conta financeira e de capitais, porém, foi o alto volume de ingresso de recursos estrangeiro para o mercado acionário, com US$ 6,503 bilhões.

"Esse número reflete a onda de IPOs (sigla em inglês que significa venda de novas ações na Bolsa pelas empresas) em julho", afirma o chefe do departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. A Bovespa registrou 16 ofertas de ações no mês, entre elas a da Redecard, empresa que fornece infra-estrutura para transações com cartões, que movimentou R$ 4,6 bilhões.

De janeiro a julho, os ingresso líquido de recursos para o mercado acionário somou US$ 14,087 bilhões, quase o dobro dos US$ 7,716 bilhões observados no mesmo período de 2006. Os investimentos diretos, em US$ 3,584 bilhões, ficaram dentro dos valores projetados pelo BC para julho. Os dados parciais de agosto, até o dia 23, indicam um ingresso líquido de US$ 1,5 bilhão, e o BC projeta US$ 2 bilhões até o fim do mês.

Os dados confirma que o Brasil vive um ciclo de investimento diretos. Nos 12 meses encerrados em julho, os ingressos somam US$ 34,259 bilhões, cifra que supera o recorde anual, em 2000, quando os ingressos somaram US$ 32,779 bilhões. Naquele período, os fluxos eram fortalecidos pelas privatizações - em 2000, houve ingresso de US$ 7,051 bilhões em operações ligadas a venda de estatais.

Na comparação com o PIB, porém, os investimentos diretos estão longe do pico. Nos 12 meses encerrados em julho, representaram 2,95% do PIB, o percentual mais alto desde julho de 2002. O valor mais alto da série é de maio de 2001, quando os investimentos chegaram a 5,13%. De qualquer forma, houve um claro avanço em relação ao fluxo de 1,36% observado nos 12 meses encerrados em agosto de 2006.

Em julho, o principal país de origem dos investimentos diretos foi Luxemburgo (US$ 1,669 bilhão), seguido de EUA (US$ 812 milhões) e países baixos (US$ 332 milhões). O setor que mais recebeu recursos foi o de mineração (US$ 1,697 bilhão), seguido de coque, petróleo e álcool (US$ 387 milhões) e de metalurgia básica (US$ 308 milhões).

Puxada pelos investimentos diretos e em ações, a conta financeira e de capitais teve superávit de US$ 7,652 bilhões. Houve saída no mês de US$ 4,435 bilhões em capitais de curto prazo, em virtude, sobretudo, das medidas baixadas em junho pelo BC que limitaram o risco cambial das instituições. (AR)