Título: BNDES vai testar o mercado internacional
Autor: Moreira,Ivana
Fonte: Valor Econômico, 24/08/2007, Finanças, p. C3

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende voltar a captar recursos no mercado internacional cinco anos depois da última operação. No próximo mês, dia 24, vai repactuar uma emissão de bônus de US$ 250 milhões, efetuada em 2002, a 9% ao ano, que vence agora. A expectativa da direção do BNDES é conseguir taxa melhor, em torno de 6,8% ao ano. O prazo ainda não está definido.

"Será uma re-estréia, um treinamento, uma demonstração simbólica de que vamos voltar ao mercado (internacional)", afirmou ontem o diretor financeiro do BNDES, Maurício Borges Lemos. Segundo o diretor, a intenção do banco é fazer captações de valores mais expressivos a partir do ano que vem, no momento em que o mercado estiver mais "amigável".

Voltar a captar no mercado internacional é uma das estratégias do BNDES para a falta de funding. Por causa do volume de projetos aprovados pelo banco, Lemos já calcula chegar ao fim deste ano com um déficit de R$ 1,5 bilhão. A repactuação do bônus, portanto, não será suficiente para cobrir todo o déficit. O diretor estuda alternativas. Mas garantiu que não está nos planos do banco contingenciar a aprovação de projetos.

O presidente do banco, Luciano Coutinho, deu a mesma garantia ontem, na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), onde esteve reunido com empresários. Ficar com medo (do déficit de funding) e puxar o freio de mão, isso não vamos fazer", afirmou.

Os projetos de financiamento aprovados pelo banco entre julho de 2006 e julho de 2007 somaram R$ 92 bilhões. A liberação de recursos no mesmo período atingiu R$ 60,9 bilhões. Segundo Coutinho, o ritmo diferente da aprovação de projetos e da liberação de recursos é um dos indicativos do déficit de funding do BNDES. A captação de R$ 1,35 bilhão no mercado interno feita em 21 de julho foi a primeira ação do banco estatal para injetar recursos no caixa. A direção do banco também estuda outras alternativas e tem em andamento discussões com o Tesouro.