Título: Exportações de frango do Paraná crescem 35%
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Agronegócios, p. B9

O grupo Santa Terezinha, com sede em Maringá (PR), está construindo sua quinta usina de álcool no Estado. A nova unidade, que deverá entrar em operação em 2006, terá 100% de sua produção de álcool negociada no mercado externo, disse ao Valor Paulo Meneguetti, diretor administrativo e financeiro do grupo. "Estamos em fase de implantação dos canaviais", afirmou o executivo. A nova usina está sendo construída em Terra Rica, cidade próxima às margens do rio Paranapanema. O valor do negócio não foi divulgado pelo grupo. No mercado, contudo, o negócio está avaliado em cerca de R$ 150 milhões, o que inclui investimentos na área agrícola, com uma área plantada de 10 mil hectares, e industrial. Segundo Meneguetti, a usina Terra Rica deverá moer 800 mil toneladas de cana em seu primeiro ano de operação. "Toda a produção será voltada para álcool nos primeiros anos de operação." Maior companhia sucroalcooleira do Paraná, o grupo Santa Terezinha, com faturamento da ordem de R$ 400 milhões, tem forte perfil exportador. Na safra 2004/05, as quatro usinas do grupo - unidades Maringá, Ivaté, Tapejara e Paranacity - processaram juntas 6,4 milhões de toneladas de cana. Neste ciclo, o processamento deverá atingir quase 7 milhões de toneladas. Nesta safra, a produção de açúcar do grupo atingiu 690 mil toneladas, dos quais 98% foram para o mercado externo. A oferta de álcool ficou em 130 milhões de litros, dos quais 40% foram exportados. "Com a construção da nova unidade, a oferta de álcool do grupo cresce mais 50% [de 130 milhões para 200 milhões de litros]", disse. Fundado em 1961 e controlado pela segunda geração da família Meneguetti, de origem paulista, o grupo se beneficia da boa infra-estrutura logística do Estado para escoar boa parte da produção de açúcar e álcool para o porto de Paranaguá. As usinas do grupo estão localizadas em um raio entre 100 quilômetros e 200 quilômetros de Maringá, onde está localizado o terminal ferroviário de açúcar e álcool do grupo. Além dos investimentos na construção de uma nova usina, o grupo está concluindo seu projeto de co-geração de energia a partir do bagaço de cana. "Estamos com contrato firmado com a Eletrobrás para o fornecimento de 50,5 Megawatts de energia", disse Meneguetti. O projeto de energia está sendo implantado pela usina Tapejara. O processo de fornecimento ainda não foi concluído ainda, explicou o executivo. "Estamos na fase de implantação de equipamentos para fazer a co-geração", disse Meneguetti. O Estado do Paraná é alvo de investimentos no setor sucroalcooleiro, com o apoio do governo do Estado. Segundo José Adriano Dias, diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar), os investimentos são da ordem de R$ 2 bilhões, o que inclui a expansão dos canaviais em 150 mil hectares, um incremento de 40% sobre a área atual, de 360 mil hectares, deverão ser concretizados nos próximos cinco anos. O Estado conta com 27 usinas de açúcar e álcool, que deverão moer nesta safra cerca de 29 milhões de toneladas. O Paraná é o segundo maior Estado produtor de álcool do país, com uma produção estimada para esta safra de 1,2 bilhão de litros. As usinas do setor estão em conversação com o governo do Estado para a implantação do terminal exclusivo de álcool em Paranaguá. O Paraná exportou 681 mil toneladas de frango no ano passado, 35% mais que em 2003. Com a oferta de produtos de maior valor agregado, como cortes especiais e pré-cozidos, o aumento da receita foi de 51% - de US$ 452 milhões para US$ 683 milhões - segundo o Sindicato dos Abatedouros e Empresas Avícolas do Paraná (Sindiavipar). Domingos Martins, presidente da entidade, informou que o Estado assumiu a liderança no volume de vendas externas de frango no segundo semestre de 2004. "Por dois anos batemos recorde e ganhamos novas plantas voltadas à exportação", disse, citando a Copagril, cooperativa do oeste do Paraná que inaugura amanhã seu primeiro abatedouro. "Superar Santa Catarina era quase uma obsessão". No acumulado do ano, contudo, os catarinenses foram líderes; em valor, lideraram no ano e também no segundo semestre. Para 2005 o Sindiavipar espera alta de 15% na produção e exportação. O Paraná produz 160 mil toneladas de frango por mês, sendo 35% enviado ao exterior, percentual que deverá aumentar caso as negociações em andamento com chineses tenham sucesso. Atualmente, o Japão é o maior comprador do produto paranaense. Para conquistar mais clientes, o sindicato está preocupado em garantir bom rastreamento e fez parceria com a secretaria estadual da Agricultura para melhorar o controle sanitário. Na próxima semana haverá reunião em São Paulo na União Brasileira de Avicultura (UBA). Serão discutidos o programa de regionalização sanitária da avicultura e a criação de um fundo de indenização para criadores que tiverem do gênero. Outra reivindicação está sendo feita pelo Sindiavipar ao BNDES. O sindicato quer adequar as condições de pagamento do Programa de Desenvolvimento do Agronegócio (Prodeagro) às do Prodecoop, voltado às cooperativas, e usa como justificativa a criação de emprego no campo. As cooperativas têm apostado no frango e, em 2004, foram responsáveis por 25% das exportações de frango do Paraná. Antes da Copagril, estavam no mercado a Copacol, Coopavel, C.Vale e Lar. "Defendemos igualdade de condições", disse Martins. Antes de obter resposta do BNDES, a Unifrango, criada há dois anos a partir da união de 20 empresas paranaenses, decidiu tornar-se uma cooperativa e prepara-se para lançar sua marca para exportação nos próximos meses. "A tendência é essa", disse o presidente da Unifrango, Domingos Martins, que também comanda o Sindiavipar. Ele informou que as empresas da Unifrango abatem, juntas, 1,5 milhão de aves por dia e pretendem investir R$ 15 milhões em um novo abatedouro. "Precisamos de recursos para incrementar a atividade", explicou Martins. No mercado interno, cada empresa ligada à Unifrango continuará usando sua própria marca.